domingo, 2 de junho de 2013


Tipos de rios e domínios morfoclimáticos

Para apresentar as características que diferenciam um rio do outro, indique a interferência de fatores como clima e relevo nos cursos de água brasileiros


Objetivos
- Conhecer as características físicas dos diferentes tipos de rios brasileiros
- Relacionar as características dos rios com os domínios morfoclimáticos e as bacias hidrográficas

Conteúdos
- Rios
- Domínios morfoclimáticos e bacias hidrográficas

Anos                           Ensino Médio

Tempo estimado        Três aulas


Materiais necessários
- Lápis de cor, cartolina, cola, tesoura e papel vegetal 

Introdução 
Nesta semana Veja aborda o projeto que pretende dar ao rio Sena, em Paris, um parque esportivo e cultural com mais de 2 quilômetros de extensão. A leitura da reportagem "Paris ainda mais perto do Sena" (Veja, 2323, 29 de maio de 2013) pode inspirá-lo a abordar com seus alunos as características físicas dos rios brasileiros e a relação entre elas e o clima e relevo das distintas regiões do nosso país.

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Desenvolvimento

1º etapa 
Comece relembrando que rios são correntes de água doce que se formam predominantemente a partir das chuvas, do derretimento da neve, de um lago ou mesmo um olho d’agua. 
Exponha elementos como volume de água e relevo para que os estudantes conheçam as diferenciações físicas dos rios:

- Volume de água: os rios podem ser pequenos e com menor volume de água, como os riachos ou ribeirões, ou podem ser volumosos como o rio Amazonas, no norte do Brasil, e o rio Paraná no sudeste e centro oeste;

- Nascente e foz: A nascente de um rio fica em um ponto mais elevado do terreno, enquanto a foz é onde ele termina. Em geral os rios terminam no mar, mas é possível que acabem em um lago ou outro rio. Ao longo do curso o rio tende a aumentar seu volume, uma vez que vai recebendo água das chuvas e de seus afluentes;

- Relevo: no Brasil existem rios de planície e rios de planalto. Os rios de planalto predominam em declives acentuados, vales encaixados ou com muitos desníveis e quedas d’água entre a nascente e a foz. Estes rios não são bons para navegação, mas possuem grande potencial de geração de energia hidrelétrica. Os rios São Francisco e Paraná são exemplos de rios de planalto. Já os outros, por serem rios de planície, não possuem grandes cachoeiras ou rupturas de declive, e favorecem favorecendo a navegação fluvial. Os rios de planície existem em menor quantidade no Brasil;

- Rios perenes e intermitentes: os rios podem ser caracterizados, principalmente, como rios perenes ou intermitentes. Os perenes possuem fluxo de água durante todo o ano e nunca secam, mesmo durante os períodos de estiagem. Já os intermitentes são aqueles que possuem fluxo de água apenas durante a estação das chuvas, e isso varia de acordo com o clima da região onde está o rio. Ainda há rios que são temporários, secos a maior parte do ano e comportam um volume de água apenas após uma chuva.

2º etapa 
Agora explique que os rios fazem parte de uma rede conhecida como bacia hidrográfica. Cada uma delas é formada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Vale lembrar que afluente ou tributário é o rio que desagua em outro (chamado de rio principal) e subafluentes são os que desaguam nos afluentes.

Mostre aos estudantes um mapa da hidrografia do Brasil e ajude-os a perceber o desenho das bacias hidrográficas e a definição de suas respectivas regiões de drenagem. Destaque que a bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo, definida em uma área formada pelo rio Amazonas e um grande número de afluentes e subafluentes que cortam as regiões norte e centro-oeste. 

3º etapa

Neste momento, aponte a relação da hidrografia com o clima e o relevo do nosso território a partir da explicação dos seguintes itens:

- o  papel do relevo brasileiro de serras e planaltos na formação hidrográfica do país;
- a característica predominantemente quente e úmida do nosso clima, que faz com que haja chuvas abundantes em várias regiões e, portanto, uma grande quantidade de rios;
- o maior conjunto de água doce do planeta, onde temos a bacia do rio Amazonas, a bacia do rio Paraná e a bacia do rio Tocantins. 

4º etapa 
Peça aos estudantes que se dividam em onze grupos. Cada grupo vai ficar com uma das bacias hidrográficas brasileiras: Amazônica, do rio Tocantins, do rio Paraíba, do rio São Francisco, do rio Paraná, do rio Uruguai, e às regiões hidrográficas costeira do Norte, do Nordeste Ocidental, do Nordeste Oriental, do Sudeste e do Sul.

Leve cartolinas com o desenho das fronteiras do Brasil e os contornos das bacias hidrográficas. Entregue a cartolina recortada na forma da região tratada pela equipe. Nesse cartaz não deve ter nada desenhado. Os alunos é que deverão pesquisar e completar com o desenho do rio principal, seus afluentes e subafluentes.

Peça ainda que colem a figura em uma pequena cartolina. Isso para que a montagem do quebra-cabeça use as margens para fora do desenho da região para fazer a colagem. O objetivo será compor o mapa do conjunto das bacias hidrográficas do Brasil com as onze contribuições dos alunos. 

5º etapa 
Como o tema dos rios sugere a integração dos conhecimentos sobre o relevo, clima e vegetação, deixe claro que os elementos naturais mantêm grande relação entre si. Por exemplo, a maior ou menor altitude causa uma temperatura mais ou menos baixa. Se o clima for mais frio, a vegetação muda. Da mesma forma, o clima interfere no relevo. Quando há uma região muito úmida, com rios e florestas, há maior evaporação e maior quantidade de chuvas que, por sua vez, aumentam o volume de água nos rios e causam mais erosão.

Conte que o geógrafo Aziz Ab’Saber criou uma caracterização dos ambientes naturais do território brasileiro e agrupou as regiões que apresentam características físicas comuns: Domínio Amazônico, Domínio do Cerrado, Domínio de Mares de morros, Domínio das Caatingas, Domínio das Araucárias e Domínio das Pradarias, mais as Faixas de transição. 

Faça um mapa sobre os domínios morfoclimáticos brasileiros em papel vegetal, preferencialmente (esse mapa deve estar na mesma escala que o mapa quebra-cabeça das Bacias Hidrográficas). Use-o para ilustrar os domínios enquanto você explica à sala as características de cada um deles.

- Domínio Amazônico: abrange as planícies inundáveis da região amazônica e possui uma exuberante vegetação. A diversidade natural está relacionada às chuvas constantes no clima equatorial e favorece a decomposição da matéria orgânica que serve como nutriente para o crescimento das florestas. Esse domínio é ocupado pelo maior conjunto de florestas tropicais úmidas do mundo: florestas de terra firme e florestas de inundação.

-Domínio do Cerrado: é o segundo maior domínio natural do território brasileiro e ocupa principalmente a área central do Brasil. Mesmo que o clima tropical defina a estação chuvosa e a seca, a vegetação de árvores pequenas de troncos espessos e retorcidos está adaptada aos períodos de estiagem, com raízes profundas para retirar água. Mas há as matas que acompanham os rios, as matas de galerias e os buritizais. 

-Domínio dos Mares de Morros: ocupa todas as cadeias de morros e serras que se estendem pelo litoral brasileiro. Por conta da urbanização e industrialização do litoral essa região de extensa floresta tropical possui hoje apenas 7% da sua formação original. Aqui, o clima é influenciado pela existência das serras e está marcado pela alta pluviosidade do clima tropical litorâneo. 

- Domínio da Caatinga: ocorre em planaltos e chapadas principalmente do interior do Nordeste e estende-se por áreas de clima semiárido, cuja característica principal é a distribuição irregular das chuvas e possibilidade de grandes períodos de seca. As plantas são adaptadas às condições de ausência de chuvas, por isso perdem as folhas durante a estiagem. Nas áreas de maior pluviosidade, próximas aos morros, entre o litoral úmido e o sertão árido do interior, estão as matas pouco densas.

-Domínio das Araucárias: está caracterizado pelas áreas mais elevadas dos planaltos e serras da região Sul do Brasil. Associado ao clima subtropical, o domínio das araucárias não possui elevadas temperaturas, mas sim chuvas constantes ao longo do ano. A mata das araucárias predomina um tipo de árvore, sendo por isso uma mata homogênea e aberta, que já chegou a cobrir grandes extensões das terras altas do sul do país.

-Domínio das Pradarias: se dá em áreas do Rio Grande do Sul, é caracterizado pelo clima subtropical e tem chuvas bem distribuídas ao longo do ano, porém a vegetação é rasteira, formada basicamente por gramíneas. Onde os rios cortam as pradarias, há as matas galerias, que os acompanham em seu curso.

Observe com os alunos, como é possível construir um entendimento que relaciona as bacias hidrográficas e os domínios morfoclimáticos, uma vez que o relevo e a hidrografia, o clima e a vegetação estão intimamente relacionados.

Lembre também que dentre os domínios morfoclimáticos, Aziz Ab’Saber definiu ainda as faixas de transição entre um domínio e outro, onde se pode observar aspectos de mais de um domínio. Por exemplo, as Matas dos Cocais, entre o Amazônico e da Caatinga e o Pantanal, que cobre as terras inundáveis da bacia do rio Paraguai.

6º etapa

Agora que vocês já têm os mapas (o mapa em papel vegetal dos seis domínios morfoclimáticos mais as faixas de transição, coloridos com lápis de cor e o mapa das bacias hidrográficas brasileiras, montado na forma de quebra-cabeça pelos alunos) proponha uma sobreposição dos dois mapas. 

Não se esqueça de que os dois mapas devem possuir uma mesma escala e, para que seja visto pelo conjunto da sala. Então, coloque o segundo mapa acima do primeiro. O feito de papel vegetal vai permitir ver o mapa dos rios por baixo. Essa é a hora em que algumas relações e conclusões poderão ser estabelecidas.

Discuta com a turma a relação entre os rios, o clima, o relevo e a vegetação dos diferentes domínios climáticos. O importante dessa sequência didática é que o conteúdo geográfico acumulado é um conhecimento construído não apenas pelo professor, mas também pelos estudantes, na medida em que são convidados a participar e estabelecer relações, por si mesmos, entre os diferentes elementos que estão sendo debatidos. 

Avaliação
Avalie os estudantes por meio da confecção dos mapas e da participação durante as aulas.

Virna Carvalho David
Geógrafa e autora de livros didáticos


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