terça-feira, 27 de agosto de 2013

Passeio ONG ONDA VERDE

         No dia 07/08/2013  alguns alunos do 6º,7º e 8º anos de nossa escola foram visitar o trabalho realizado em Tinguá pela ONG ONDA VERDE.Este projeto visa, através da educação ambiental, mostrar a todas as pessoas a importância de se cuidar do planeta,começando com atitudes simples e que muitas vezes não parecem fazer diferença. .Nesta visita os alunos puderam perceber como é fundamental que todos coloquem  o lixo em seu devido lugar,ou seja,na lixeira e também aprenderam, através de uma  palestra muito divertida ,sobre a coleta seletiva e  a reciclagem como fonte de renda.Os professores de Ciências Reynaldo e Maria Cristina foram acompanhando os alunos.

Animação para o passeio!

Recebendo as primeiras instruções do monitor Thiago.

                                    Aprendendo sobre a coleta e reaproveitamento da água da chuva.

                           O Sol é de graça,vamos aproveitar sua energia e esquentar a água do banho? 
                                               Nossa que água quente!
                                                 Olha o tanque de compostagem .
                                               Agora é só usar para adubar a terra.
                                             Comparando o lixão e o aterro sanitário.
                                              Nossa,todo mundo prestando a maior atenção!
                                              A monitora Lituania explicando e todo mundo participando!
                                              Local da palestra sobre o que é Educação Ambiental.
                                              Começando a brincadeira.
                     Como é que era:bate palma,faz uma careta,dá uma voltinha e um abraço!
                                            601 e 602 vocês arrasaram,PARABÉNS!
                             Até a próxima,valeu muito!
         




sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Como as drogas e outras substâncias psicoativas agem em nosso corpo?


Discuta os efeitos de substâncias que agem no sistema nervoso central e podem causar dependência


Objetivos
- Identificar os principais efeitos das drogas no organismo humano
- Diferenciar drogas lícitas de ilícitas, bem como as estimulantes das depressoras e perturbadoras
- Identificar as reações químicas provocadas na produção hormonal, e no funcionamento do cérebro
- Estimular a turma a fazer reflexões sobre o uso e dependência de substâncias psicoativas como uso diário e quais os comprometimentos e prejuízos a saúde estão por trás desse uso

Conteúdo
Fisiologia Humana

Tempo estimado                          Três aulas

Material necessário
- Cópias da reportagem "Um só não basta" (Veja, 21 de agosto de 2013, 2335)
- Cartolinas e canetas para preparação de cartazes
- Projetor de imagens e vídeos

Introdução
A reportagem "Um só não basta", publicada em Veja, instiga-nos a pensar e estudar a ação de certas substâncias no organismo humano. Aproveite essa reportagem, que trata do uso e da dependência de cafeína, para trabalhar com a turma o conceito de são substâncias psicoativas, sua ação no corpo e as alterações químicas no funcionamento do cérebro provocadas por seu uso contínuo.

Desenvolvimento
1ª etapa
Inicie a aula tendo uma conversa informal com os alunos. Investigue o que a turma conhece sobre substâncias psicoativas. Pergunte: Quais os tipos existentes? Qual sua classificação? Todas são legalizadas? Quais os tipos mais comuns? Drogas como maconha e cocaína se enquadram nesse conjunto de substância? E alimentos como o chocolate e refrigerantes?
Para estimular a conversa, pergunte a turma se eles consideram ou não a cafeína uma substância psicoativa. Em seguida, distribua cópias da reportagem de Veja e realize uma leitura dirigida do texto.
Explique são chamadas de substâncias psicoativas todas que atuem no cérebro, causando algum tipo de alteração em seu funcionamento e, por consequência, afetando comportamento, humor, equilíbrio, consciência, entre outras habilidades. Dentro desse grupo encontram-se medicamentos, o álcool, a cafeína, a nicotina (presente no cigarro), o tetra-hidrocanabinol (THC, encontrado na maconha), a psilocibina (em alguns tipos cogumelos), a dietilamida do ácido lisérgico (LSD), o ecstasy, a cocaína, entre outros.
Pergunte à turma se elas acreditam que todas essas substâncias agem da mesma maneira no cérebro. A partir das respostas dadas pela turma, esclareça que elas são classificadas justamente por conta de sua ação no Sistema Nervoso Central (SNC) em: depressoras, estimulantes e perturbadoras. Construa junto com os alunos uma tabela no quadro da sala:

Classificação
Efeito
Exemplos
Depressoras
Diminuem a atividade cerebral
Álcool, soníferos, heroína, morfina, ópio, lança-perfume, cola de sapateiro
Estimulantes
Aumentam a atividade cerebral, ativando os sentidos
Cocaína, cafeína, crack, teobromina (chocolates), anfetaminas
Perturbadoras
Não aumentam nem diminuem a atividade cerebral, mas modificam seu funcionamento
Tetra-hidrocanabinol (THC, encontro na maconha, a psilocibina (presente em alguns cogumelos), o LSD, o ecstasy

Assista com a turma o documentário "Como funcionam as drogas?", produzido pelo Discovery Channel e disponível na internet. Discuta as questões levantadas no filme e levante possíveis dúvidas da classe. Para a etapa seguinte, solicite aos alunos uma pesquisa sobre a diferença entre drogas lícitas e ilícitas.

2ª etapa
Observe as pesquisas feitas pelos alunos e divida a turma em dois grupos: um responsável pelas drogas lícitas e outro pelas ilícitas. Peça que eles discutam as pesquisas trazidas e redijam um resumo sobre a definição pela qual seu grupo é responsável, que deverá ser lido para a sala toda. As drogas lícitas são aquelas que podem ser consumidas legalmente como, por exemplo, o álcool e o cigarro. Já as drogas ilícitas são aquelas em que não é permitida a comercialização legal das mesmas como, por exemplo, maconha, cocaína e heroína.
Questione a turma sobre os motivos da proibição de certas drogas e não de outras. Será que essa divisão relaciona o tipo de substância com os efeitos mais ou menos prejudiciais? Quais são as influências políticas e econômicas nessa divisão?
3ª etapa
Com base nas reflexões levantadas em sala de aula, proponha que a turma elabore textos de divulgação científica que tenham como objetivo esclarecer informações a respeito do uso de drogas, como folhetos ou vídeos. Mostre alguns exemplos (disponíveis online) e discuta: quais informações devem estar presentes num material desse tipo? Qual linguagem deve ser utilizada? O uso de imagens pode ajudar na transmissão da mensagem?

Avaliação
Utilize como itens avaliativos a participação dos alunos nas discussões, a pesquisa solicitada e o desempenho e criatividade nas atividades da terceira etapa bem como a qualidade da construção de textos de divulgação científica, folhetos informativos e vídeos.
Micheli Bordoli Amestoy
Bióloga, Mestranda do Programa de Pós-Graduação Ensino de Ciências: Química da Vida e Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Pesquisadora do Observatório de Educação


Como a Física explica o projeto de trem de alta velocidade

Discuta com a turma os conceitos da Física que ajudam a entender o projeto de um sistema de transporte que pode chegar à velocidade próxima à do som

Objetivos
- Reconhecer características comuns aos movimentos e sistematizá-las segundo velocidades, atritos e outras variáveis
- Reconhecer causas da variação de movimentos associadas a forças magnéticas
- Reconhecer que as leis de física aprendidas no ensino médio determinam valores e características dos movimentos em sistemas físicos complexos

Conteúdos
- Caracterização de atritos presentes nos movimentos do cotidiano
- Estimativas e procedimentos para movimento uniforme na ausência de atritos
- Indução de movimento por ação eletromagnética
- Variação de movimentos relacionada à força aplicada e ao tempo de aplicação, a exemplo de freios e dispositivos de segurança
- Identificar as dificuldades da ultra velocidade

Matérias necessários
- Cópias da reportagem Isto, sim, é trem-bala (Veja, 21 de agosto de 2013, 2336)
- 5 bexigas
- 5 CDs ou DVDs velhos
- 5 tampinhas de garrafa PET ou tampinhas dosadoras de detergentes ou isotônicos
- 1 tubo de cola de secagem rápida
- Pesquisa de imagens com detalhes do projeto de criação do Hyperloop na internet

Tempo estimado                          Duas aulas

Anos                                               Ensino Médio

·      Como funciona a energia solar?
·      Velocidade e energia em um lançamento de foguete
·      Debate sobre fontes e geração de energia elétrica
·      Como tornar as cidades brasileiras mais sustentáveis?

Introdução
O anúncio de um trem de altíssima velocidade, o Hyperloop, trouxe esta semana uma grande novidade para o debate sobre transportes no mundo. O projeto utiliza conceitos simples da Física e é consideravelmente mais barato que outros transportes de alta velocidade existentes no momento. A novidade pode afetar os rumos dos transportes em diversos países, incluindo o Brasil, onde ainda há dificuldades para reunir empreendedores e tirar do papel um projeto como o trem-bala.

Desenvolvimento
1ª etapa
No início da aula, distribua cópias da reportagem "Isto, sim, é trem-bala" para os alunos para que eles se sintam estimulados com o tema da aula. Após a leitura do texto, peça que eles identifiquem na reportagem e citem as tecnologias empregadas no novo trem e os conceitos da física por trás desse novo modelo de transporte. Diga que, ao final da sequência de aulas, todos os detalhes da cápsula inovadora serão desvendados utilizando as noções de física. Explique que vocês estudarão diversos aspectos do projeto e convide os alunos a pesquisarem na internet imagens com detalhes do trem, do motor, bem como dos túneis que esses trens irão percorrer.
O projeto do Hyperloop é relativamente simples frente aos trens de alta tecnologia, que utilizam levitação magnética. É possível simplificar seu projeto de funcionamento citando três adventos da engenharia: levitação por pressão de ar, propulsão magnética linear e redução drástica da resistência do ar.
Um dos desafios para o desenvolvimento dos trens de alta velocidade está um elemento muito simples de sua estrutura: a roda. Parece incrível que um elemento tão antigo e funcional possa limitar seu alto desempenho. Os eixos, rolamentos e materiais agregados nas rodas dos trens ultrarrápidos sofrem desgastes, perdem estabilidade dinâmica e podem até mesmo se desfazer devido à alta rotação.
Para ter uma ideia do tamanho do problema, seria como se fôssemos colocados em um gira-gira e imprimíssemos uma rotação de tal forma que não conseguíssemos mais nos segurar. A conclusão é que seríamos lançados pela tangente por não sustentarmos a rotação. Uma roda de metal girando em altíssima velocidade e recebendo pressão do peso do trem poderia sofrer muito atrito, perder o equilíbrio dinâmico e despedaçar-se ao longo de uma viagem. Por mais que existam trens bem sucedidos que já chegaram a 500km/h, atingir velocidades acima de 1000km/h seriam impraticáveis sobre rodas que utilizem a tecnologia atual. Para visualizar esse efeito, é possível pesquisar e observar as deformações sofridas pelo conjunto roda e pneu de um carro de corrida no momento de sua largada.
Outra consequência provocada pela altíssima velocidade seria o provável derretimento do sistema de freios por causa da quantidade de energia dissipada em forma de calor gerado pelo atrito entre as pastilhas e o disco de freio.
Para solucionar esse problema, teríamos que reinventar a roda ou não usá-la. Esta segunda opção foi a escolhida para o projeto que estamos analisando. O sistema baseia-se em um conjunto de esquis que não tocam as superfícies do chão e das paredes por conta do ar pressurizado, que cria uma espécie de bolsa de ar de alta pressão e impede o contato entre as superfícies. Veja abaixo um desenho que exemplifica esse item do projeto:



Esse sistema não é novo visto que meios de locomoção chamados hovercrafts já usam tecnologia semelhante. Clique aqui para ver a imagem de um hovercraft. A sustentação do móvel é obtida através dos motores que inflam uma gigantesca bolsa de ar sob o móvel, suspendendo todo o aparato.
A flutuação tem como consequência a ausência de contato, fato que implica em inexistência de força Normal (força que impede dois corpos de penetrar um no outro). Não havendo força Normal, não encontraremos força de atrito entre as superfícies, já que esta força decorre da interação entre o contato e a rugosidade das interfaces (Fat = u.N , onde u é o coeficiente de atrito e N, a força Normal).
Proponha aos alunos um experimento para demonstrar esse conceito. Divida-os em 5 grupos e entregue um CD (ou DVD) já usado, uma tampinha de garrafa PET ou de detergente (seria mais ágil se já estivesse colada ao CD antes da aula, conforme a figura abaixo) e uma bexiga.
Depois de colada a tampinha no CD, encaixe uma bexiga. Agora, basta encher a bexiga através do buraco do CD e soltar o artefato sobre uma superfície plana e lisa. O ar que sai constantemente da bexiga forma uma camada de ar pressurizada sob o CD impedindo que ele tenha contato com a superfície. É também dessa maneira que funciona o brinquedo conhecido como hóquei de mesa, que os alunos costumam encontros em setores de diversões dos shoppings.


2ª etapa
Retome os conceitos discutidos na aula anterior e reforce que a turma estudou até o momento um dos entraves para garantir o funcionamento de um projeto como o Hyperloop.
Outro desafio para garantir a alta velocidade é a resistência do ar sobre os corpos. Esse conceito é bem compreendido pelos alunos visto que muitos deles já passaram por situações onde o vento interfere bastante no deslocamento, como andar rápido de bicicleta, skate ou patins. Há também aquele velho costume de criança um tanto quanto imprudente, mas irresistível, que é andar com a mão para fora da janela enquanto o carro se desloca em uma estrada. Nesse ato dá para perceber a ação do vento sobre os corpos.
Pergunte aos alunos se eles já notaram estratégias usadas pelos engenheiros para diminuir a resistência do ar? Talvez alguns deles relatem exemplos como o formato dos carros. A evolução dos automóveis é uma forma de verificar os efeitos da resistência do ar sobre os bólidos. Basta comparar a aerodinâmica toda quadrada dos veículos no início do século 20 com as linhas arredondadas dos modelos atuais. Nesse contexto, lembre que as equipes de Fórmula 1 investem muitos recursos para fazer mudanças mínimas na aerodinâmica dos seus carros para ganhar décimos de segundos preciosos que podem valer o campeonato.
Em uma viagem acima dos 1000km/h seria praticamente inviável que um veículo como esse conseguisse resistir à força do vento porque ele que não tem a pretensão de ser um avião e usar jatos propulsores que consomem muito combustível. Para solucionar esse impasse, o ambicioso projeto propõe eliminar a variável resistência do ar. Por esse motivo, há a necessidade dos túneis lacrados em forma de tubo.
Ao longo da extensão da linha, haverá bombas de vácuo que deixam a atmosfera interna a uma pressão de 100 Pa, aproximadamente 1000 vezes menor que a pressão atmosférica normal (10 elevado a 5 ou 100.000 Pa). Isso significa que, em uma analogia bem simplificada, seria como se você estivesse viajando a cerca de 100km/h, mas sentindo um ventinho de apenas 5km/h, ou seja, quase nada (isso é uma aproximação que serve apenas como exemplo para explicar o conceito abordado, não tem nenhum fundamento calculado com exatidão). Dessa maneira, outro entrave do projeto foi eliminado. Além dessa função primordial, os túneis também terão em sua parte externa placas fotovoltaicas para obtenção de energia solar que suprirá boa parte da energia utilizada pelo sistema.
O último desafio é o motor responsável pela propulsão de altíssima velocidade do Hyperloop. Baseado em eletroímãs, o sistema de forças que tem pretensão de levar a cápsula acima dos 1000km/h funciona de maneira análoga aos motores lineares dos trens flutuantes já existentes. Quando mencionamos motores, automaticamente nossos pensamentos nos remetem a um mecanismo que gira. Porém, motores lineares possuem funcionamento diferenciado.
Na base do Hyperloop há uma espécie de lâmina magnetizada que o projeto chama de rotor (esse nome é dado a um componente similar dos motores elétricos que funcionam com o mesmo princípio, porém trabalham em rotação). Para ajudar os alunos a visualizar todos esses componentes do projeto, peça que eles apresentem as imagens que pesquisaram com os detalhes do projeto e ajude-os a relacioná-las aos conceitos apresentados.
No tubo, há eletroímãs (estatores) distribuídos ao longo da via por onde a lâmina magnetizada percorre. O funcionamento é relativamente simples: como o rotor é um elemento magnético, ele é atraído por outros imãs, dependendo de suas polaridades. Os estatores, por serem eletroímãs, podem ser ligados e desligados com a polaridade desejada. Para acelerar a cápsula, os estatores à frente da lâmina estão sempre dispostos em polaridade de modo a atraí-la. Desse modo, assim que a força puxa o rotor e ele chega ao elemento que o atrai, automaticamente ele é desligado e o estator à frente é ligado em polaridade de atração. E assim vai acelerando, ganhando impulso a cada elemento alcançado até atingir a velocidade desejada. Como os atritos são reduzidos, o sistema fica inoperante e viaja em movimento uniforme.
Para frear, o sistema usa o mesmo sistema, mas ao invés dos estatores serem ligados à frente, eles são ligados imediatamente após a passagem da lâmina, logo atrás do rotor. Dessa forma, a força resultante fica no sentido oposto ao movimento, brecando a cápsula. De maneira muito simplificada, explique aos alunos que seria como se usássemos um imã para atrair uma moeda, mas antes que ela grude o imã é puxado de forma que mantenha a moeda em perseguição.

Avaliação
Verifique se a turma compreendeu os principais conceitos de física por trás do Hyperloop. Pergunte quais são as expectativas dos alunos frente a esse novo meio de transporte e de que forma ele pode transformar nossa realidade. Ressalte que o projeto baseia-se em conceitos de física abordados no Ensino Médio e que qualquer um, claro que com empenho e pesquisa, poderia vislumbrar projetos inovadores como o Hyperloop. Grandes cidades como São Paulo enfrentam sérios problemas de locomoção e, apesar do trem apresentado ser projetado para distâncias maiores, ele poderia ser adaptado para grandes centros urbanos. Nesse contexto, peça para os alunos desenvolverem em grupos um projeto que envolvesse inovação (fundamentada em conceitos da Física) e pudesse oferecer alternativas de transporte para as grandes cidades.

Ilton Miyazato
Professor de física do Colégio Exatus, em São Paulo (SP)


Bioética e a manipulação de células-tronco para produzir alimentos

Use a produção de carne em laboratório para discutir as questões éticas ligadas a esses procedimentos

Objetivos
- Apresentar e discutir com os alunos algumas noções sobre células-tronco
- Mostrar aos alunos questões relativas à bioética e concepções de ciência envolvidas no debate sobre as pesquisas com essas estruturas
- Apresentar e discutir com os alunos alguns aspectos socioeconômicos relacionados a tal pesquisa

Conteúdos
- Relação entre pesquisa científica e questões éticas
- Pesquisa científica, sociedade e economia

Material necessário
Cópias da reportagem Hambúrguer de proveta (Veja, 7 de agosto de 2013, 2334).

Tempo estimado                     Duas aulas

Introdução
Os avanços da biologia contemporânea apresentam uma série de questões para nós. Temos, por um lado, um aumento nas pesquisas com desenvolvimentos de novos campos e novas tecnologias. Por outro, os avanços dessas pesquisas trazem também uma série de questões éticas. Qual o limite dessas investigações? Além disso, os valores pessoais e questões socioeconômicas são determinantes sobre a maneira como os indivíduos entendem essas questões e se posicionam em relação a essas questões. Utilize cópias da reportagem Hambúrguer de proveta (Veja, 7 de agosto de 2013, 2334) para discutir com a turma alguns aspectos sobre esse tema, buscando aproximar essa discussão de alguns elementos específicos presentes em nossa sociedade atual.

Leia mais
Regeneração à vista
Como funcionam os bancos de armazenamento de células-tronco?
Como contextualizar os avanços da genética com o filme "Gattaca"
Desenvolvimento
1ª etapa
Pergunte aos alunos o que eles entendem por células-tronco, expressão comum em diversos meios de comunicação. A partir das informações trazidas por eles, mostre que essas células são presentes em organismos multicelulares, capazes de dar origem a novas células diferentes delas e de se autorrenovarem. Para esta etapa, pode ser interessante a colaboração do professor de Biologia, convidando-o a dar explicações mais detalhadas sobre essas estruturas, bem como a participar do desenvolvimento do debate.

Após apresentar aos alunos o conceito de células-tronco, explique que tem havido um grande avanço nas pesquisas com esses tipos de células nos últimos anos. E, acompanhando esses avanços, surgem também diversas questões ligadas à bioética.



Um pouco de teoria: Bioética

A bioética é um campo multidisciplinar que tem como objeto a investigação das formas de preservação e responsabilidade frente à vida, tanto humana quanto de outras espécies. Esse campo nos aponta a relação íntima entre ética e ciência (ainda que a bioética não se resuma a uma relação entre ciência e filosofia, abrangendo também o direito, a história, as ciências sociais, entre outros campos). Por um lado, todo resultado das pesquisas científicas pode ser objeto de avaliação ética, a despeito da crença de que os resultados da pesquisa científica, simplesmente pela sua ampliação do nosso campo de conhecimento, são justificáveis por si só. Por outro lado, a própria suposição de que o conhecimento científico por si só resulta em um bem para a humanidade (seja pelos seus frutos, seja pela ampliação do conhecimento), já implica um aspecto ético à ciência.
Da conceituação feita acima surge o aspecto ambíguo das pesquisas com células-tronco humanas. Essas pesquisas apresentam potencial de desenvolver tratamentos para diversas doenças, mas também é necessário colocar a questão: até onde pode ir a manipulação da vida para a realização desses estudos? Um ponto a ser considerado aqui são as consequências que tais pesquisas podem trazer, isto é, quais os possíveis resultados negativos dessas pesquisas. Além disso, há a sempre complexa questão de como a vida pode ser compreendida, o que envolve uma série de valores de cada um dos indivíduos (religiosos, por exemplo). As mesmas questões relativas à manipulação dessas células-tronco humanas são estendidas à manipulação de células tronco animais.
Distribua aos alunos cópias da reportagem Hambúrguer de proveta, publicada em Veja, e peça que os alunos escrevam em casa, a partir do que foi apresentado, uma resposta para a questão "Você considera aceitável a produção de carne para alimentação a partir da manipulação de células-tronco animais?"

2ª etapa
Peça que os alunos leiam as respostas para a questão colocada anteriormente. A partir dos textos, destaque várias questões implicadas no assunto de que trata a reportagem, que envolvem muito mais elementos além da validade dos resultados das pesquisas científicas.
Assim, a consideração exclusiva dos procedimentos científicos e avanços das técnicas nele envolvidas levaria talvez à conclusão de que se trata de um meio importante para a produção de novos alimentos. No entanto, é preciso levar em consideração as consequências que tais pesquisas e seus resultados podem trazer. Em primeiro lugar, deve-se ter em vista uma pesquisa detalhada sobre os riscos e consequências que o consumo de alimentos assim produzidos podem ter sobre a saúde humana. Isso exige uma pesquisa de longo prazo, pois algumas das consequências podem surgir apenas após um longo período de uso de alimentos assim produzidos - grande parte das pesquisas realizadas sobre os riscos de tais produtos tratam apenas dos riscos imediatos, riscos de curto prazo. Além, claro, da consideração de quanto tal tratamento dado ao material celular animal pode ser considerado eticamente aceitável. É causado algum sofrimento causado ao animal na extração dessas células-tronco? Há possibilidade da criação de anomalias a partir dessas pesquisas?
Esses aspectos, que podem ser considerados em certa medida fundamentalmente técnicos, estão longe de esgotar a questão. Pelo contrário, entender que apenas eles podem decidir sobre a validade ou não de tais pesquisas e seus resultados é assumir uma postura bem determinada sobre a ciência, que coloca em primeiro plano, ou como exclusivamente determinante, as questões técnicas da ciência.
É preciso considerar também nesse caso uma série de aspectos socioeconômicos ligados a essas pesquisas. Afirmar a necessidade da produção in vitro de tecido animal para a produção de alimentos como forma de contornar uma possível escassez de alimentos é acreditar que somente essa técnica é passível de sanar tal problema de abastecimento. De fato, dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla em inglês) mostram que a quantidade de alimentos produzida no mundo hoje é suficiente para alimentar toda a população, sendo o principal problema o acesso às condições de aquisição desses produtos. Por outro lado, uma pesquisa científica desse porte tem custos elevados, e obtém como resultado uma propriedade intelectual, uma patente. A aquisição dessas patentes tem custo elevado, compensado pelo aumento de lucro que a maior eficiência de produção advindo desses avanços científicos traz, mas relega a um segundo plano os pequenos produtores que, incapazes de adquirir essas patentes, perdem espaço no mercado ao perderem a concorrência para os grandes produtores. Outra consequência possível de tal expansão é o desaparecimento de culturas específicas de determinada região ou comunidade, diante da perda de espaço no mercado frente ao produto mais barato oferecido pelo grande produtor. Em contraposição a essa perspectiva eminentemente técnica sobre a produção de alimentos, desenvolve-se hoje em dia uma série de pesquisas sobre agroecologia, uma disciplina que procura incorporar outros fatores ao considerar a produção de alimentos, como as relações sociais de produção, sustentabilidade, produção para autoconsumo, entre outros, além dos elementos da técnica científica.

Avaliação
Peça que os alunos listem cinco pontos essenciais a considerar no debate sobre a produção de alimentos em laboratório, justificando sua escolha. A avaliação deve ser feita com base nessa redação, considerando-se a apropriação dos debates feitos em sala e a criação de novos argumentos. Também leve em conta a participação dos alunos nos debates em sala de aula. Considere se eles entenderam e expuseram a relação entre ética e manipulação de células-tronco, bem como a diferença entre uma perspectiva que considera a ciência apenas a partir de seus resultados e técnicas e outra que a considere como intimamente vinculada a questões éticas e socioeconômicas.

Quer saber mais?

LACEY, Hugh. "Há alternativas ao uso dos transgênicos?". In: Revista Novos Estudos Cebrap, 78. Julho/2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/nec/n78/05>
LACEY, Hugh. A controvérsia sobre os transgênicos: questões científicas e éticas. São Paulo: Idéias e Letras, 2006.

Igor Silva Alves
Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP)