sexta-feira, 13 de junho de 2014

Organizando a vida financeira

Estimule os alunos a aplicar a teoria à prática, utilizando os conceitos de Progressão Aritmética e Geométrica na hora de calcular seus gastos


Objetivos
Compreender as progressões aritméticas e geométricas como ferramentas na resolução de problemas cotidianos
Elaborar uma planilha de gastos diários e perceber as progressões como constituintes de sua formulação
Conscientizar os alunos sobre o valor do dinheiro buscando relacionar a matemática como pertencente à sociedade como ferramenta de tomada de decisões

Conteúdos
Aplicação da Progressão aritmética (PA) e da Progressão geométrica (PG).
Noções de Educação Financeira.

Tempo estimado                                            3 a 4 aulas

Materiais necessários
Uma cópia da reportagem "Para onde foi meu dinheiro?", da revista Veja (VEJA, edição 2376, 04 de junho de 2014) para cada aluno
Cópia do problema indicado na 1ª aula para cada aluno
Sala de informática ou data show
Software de planilha eletrônica (Usamos como exemplo o Microsoft Excel)
  
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Desenvolvimento

1ª etapa
Inicie a aula informando os alunos que, nas próximas aulas, serão trabalhados os conceitos de Progressão Aritmética e Progressão Geométrica. Para tal, distribua o seguinte problema para a turma e leia-o em voz alta:




Leve os alunos para a sala de informática e, em duplas, peça-lhes que construam duas tabelas para designar a proposta de Rafael e proposta de Lucas, utilizando para tal uma planilha eletrônica. Com essa ferramenta é possível construir as tabelas até o 17º dia muito rapidamente e ter mais tempo para as análises (Obs: caso não seja possível utilizar a sala de informática, o professor poderá utilizar um data show e promover uma tarefa coletiva). 

Antes de começar a usar o software proponha a seguinte analise:

1) Tabela referente à proposta de Rafael
Pergunte aos alunos: "Como aumentam os valores?". Verifique se eles percebem que basta adicionar 2 ao valor anterior para obter o próximo. Peça, então, que digitem os três primeiros valores da tabela de Rafael e utilizem o recurso de arrastar (ver Figura 1).

Figura 1


2) Tabela referente à proposta de Lucas
Pergunte aos alunos: "Como aumentam os valores?". Verifique se eles percebem que basta multiplicar por 2 o valor anterior para obter o próximo. Peça, então, que utilizem uma fórmula para obter o próximo temo (ver Figura 2).

Figura 2
  

Com a planilha feita, os alunos terão a oportunidade de ver o que ocorre dia a dia, fazer comparações e refletir sobre o problema. O problema poderia ter sido resolvido utilizando as fórmulas do termo geral e soma dos termos, tanto da PA quanto da PG, mas a oportunidade de fazer a comparação entre o crescimento das duas seria perdido. Ao comparar as tabelas, o aluno pode perceber que os valores da proposta de Lucas crescem muito mais rapidamente do que os valores da proposta de Rafael. Verifique se os alunos percebem que os valores da proposta de Rafael (Figura 1) formam uma PA, enquanto os valores da proposta de Lucas (Figura 2) formam uma PG. 

Depois da planilha pronta, solicite que os alunos utilizem o botão de soma (Figura 3):

Figura 3


Solicite que comparem os totais obtidos na proposta de Rafael e na proposta de Lucas. Em seguida, retome a pergunta do problema. Verifique se os alunos concluíram que saber aplicar conhecimentos matemáticos nos livram de cometer enganos no cotidiano. Finalize essa aula identificando os termos e apresentando nomenclaturas da PA e a PG. Apresente também a fórmula da soma dos termos de uma PA e de uma PG.

2ª etapa
Distribua as cópias da reportagem da Revista Veja e leia com os alunos. Explique que o texto trata do dinheiro que gastamos sem perceber. Pergunte a eles se existe alguma coisa com a qual eles gastam uma quantia pequena, mas que se repetem várias vezes na semana, por exemplo, um lanche na cantina da escola, um doce, uma revista, entre outros. Proponha uma discussão para a turma, apresentando as seguintes questões:
Quanto é possível economizar em um ano se eu deixar de comprar (escolha um item) todos os dias?
Quantos reais eu deixei de ter toda vez que não me devolveram 1 centavo de troco?
Após a discussão, oriente os alunos que a registrar suas reflexões sobre a discussão na forma de um pequeno texto dissertativo, destacando as principais conclusões a que chegaram, mostrando o quanto se pode economizar em um ano deixando de gastar com o item escolhido e como 1 centavo deixado pra trás faz diferença ao final de um ano. Incentive-os a aplicar os conhecimentos de PA e PG. Depois, se julgar oportuno, fale de juros simples e juros compostos como exemplo de PA e PG, respectivamente. Para finalizar diga aos alunos que na próxima aula eles irão elaborar uma planilha de gastos financeiros e para isso devem trazer para aula uma lista com seus gastos diários e/ou semanais. 

3ª etapa
Construa com os alunos uma planilha no Excel de modo que em uma das colunas tenha o item (lanche, cinema, roupas etc.) e na outra o valor gasto. Incentive-os a anotar tudo que gastam durante uma semana, questione sobre a frequência do gasto. Faça-os refletir sobre a importância de controlar os gastos e a importância de saber poupar. Pergunte sobre a fonte do dinheiro que gastam (investigue se eles tem uma mesada fixa, se os pais lhes dão dinheiro todo dia, e quais são os valores envolvidos). Observe que eles não precisam falar quanto ganham, basta que anotem na planilha para saber se vão conseguir economizar algum dinheiro.

É importante que os alunos percebam o valor do dinheiro e verifiquem se as despesas excedem a renda. Discuta formas de se planejar para adquirir algo que se deseja. Criar o hábito de anotar tudo que gastam e como gastam, tal qual é enunciado na reportagem de Veja, irá ajuda-los a fazer ajustes necessários ao orçamento e pensar em maneiras de economizar.

Dica: Nesse momento o celular pode ser um aliado, caso os alunos possam baixar um aplicativo gratuito de despesas diárias.

Avaliação

Observe e analise a participação dos alunos ao longo das atividades e as estratégias que utilizam para resolver a situação proposta. Verifique se conseguiram se apropriar dos conceitos e da importância de poupar

Consultoria Diana Maia
Doutoranda em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC)


http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/organizando-vida-financeira-784831.shtml
Genética: determinação dos padrões de herança

A partir do conhecimento das leis de Mendel, discuta com a turma as diferenças entre características genéticas, hereditárias, congênitas e adquiridas

Conteúdos
- Leis de Mendel
- Mecanismos de herança
- O papel do ambiente na manifestação das características hereditárias


Objetivos
- Identificar e diferenciar características genéticas, hereditárias, congênitas e adquiridas.
- Elaborar e testar hipóteses sobre composição genética de indivíduos

Anos                                                             Ensino Médio

Tempo estimado                                        3 aulas


Material Necessário
- Cópias da reportagem "Uma puxada e a vida fica melhor" (Veja 2377, de 11 de junho de 2014)
- Computadores com acesso à internet


Introdução
Genética é um campo de conhecimento relacionado com a inscrição da informação de nossas características biológicas em nossas moléculas de DNA e também da herança destas no processo de reprodução de nossas células.

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Desenvolvimento
1ª. Etapa: esclarecimento conceitual
Inicie a aula discutindo alguns conceitos. Para isso, utilize como exemplo o caso das orelhas de abano, como mostrado na reportagem de Veja. Distribua cópias do texto para turma e, após a leitura, pergunte: as orelhas de abano são um caráter genético? Ou congênito? Sendo genético é hereditário? Alguns alunos utilizam estas conceitos como sinônimos outros não. Na verdade são conceitos diferentes não excludentes, mas sobrepostos. Explique que "genético" é qualquer produto da expressão de genes. Ou seja, qualquer característica que tem como base a produção de uma proteína produzida em um sistema de transcrição e tradução gênica dentro da célula. Nem tudo que é genético é hereditário. Para ser hereditário deve ser transmitido pelas células reprodutoras, os óvulos e espermatozoides. Ocorre que muitos fenômenos genéticos em nosso corpo ocorrem nas outras células do corpo, as células somáticas. O melhor exemplo está no câncer. Essa terrível doença tem um evidente mecanismo genético e, na maioria dos casos, não é hereditário.
Pergunte à turma: e o termo "congênito"? Este é um termo mais plástico, pois sobrepõem-se aos conceitos anteriores. Congênito diz respeito ao o que nasceu com a criança. Desenvolveu-se durante a gravidez. Dê exemplos de fenômenos congênitos. A Síndrome de Down é claramente hereditária uma vez que a mutação está em um dos pais. Já um caso de surdez em uma criança cuja mãe contraiu rubéola durante a gravidez é congênito. Essa distinção deverá suscitar uma série de discussões em classe que deverão render boas discussões como fenômenos como alcoolismo, diabetes, etc. Em alguns casos a discussão deverá mostrar que, em alguns aspectos, o fator hereditário não passa através dos genes. Seria totalmente ambiental, dado pelo aprendizado, pelo ambiente. Nesse caso convém não utilizar o termo hereditário para não criar confusões. O termo correto é adquirido. E adquirido não se restringe ao aprendido, mas também a heranças de microrganismos ou de fatores congênitos criados pela ingestão de medicamentos ou drogas.
Trate da questão da orelha de abano mostrada na reportagem. Essa característica é hereditária e, ao mesmo tempo, congênita, pois se desenvolve a partir do segundo mês de gravidez. O componente hereditário está na fixação do colágeno na orelha. Conclusão: é uma deformidade congênita onde o fator hereditário está presente.
Continue tratando da herança das características mostrando que a manifestação delas é variável, ainda que claramente hereditária. Nesse caso existe uma série de fenômenos chamados de penetrância, expressividade, pleiotropia ou ainda influencia do ambiente na manifestação das características. Essas manifestações não são simples de examinar e não são heranças clássicas e facilmente visualizáveis. Finalmente tem a questão da epigenética que são fenômenos ambientais ou aleatórios que afetam a manifestação dos genes. O mais conhecido é o da metilação do DNA. 
Finalize essa etapa introdução contando que a questão da epigenética é uma maneira contemporânea de abordar a velha polêmica natureza X adquirido (nature X nurture). O fenômeno epigenético mostra como fatores ambientais podem mudar a manifestação dos genes da pessoa ao longo de sua vida e até transmitir isso para seus descendentes nos remetendo a um neolamarckismo. Os gêmeos são um modelo interessante para o estudo da epigenética. 


2ª Etapa: determinação do tipo de herança
Feitos os esclarecimentos conceituais, proponha algumas atividades para a turma. O primeiro exercício envolve a teoria das leis básicas da hereditariedade desenvolvidas por Mendel. (Aqui cabe um breve explicação do que são as leis de Mendel) Explique aos alunos que o método dos cruzamentos e retrocruzamentos desenvolvidos por Mendel ainda são utilizados. Os mecanismos de dominância, recessividade, herança ligada e influenciada pelo sexo poderão ser exercitadas em atividades nas quais os alunos fazem os cruzamentos e, conforme a prole resultante, vão deduzindo os mecanismos. O site do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) dispinibiliza alguns simuladores que permitem confirmar a aplicação das leis de Mendel (veja aqui). 
Outro exercício possível é ligar os tipos de herança ao fenômeno da meiose. Neste caso, estudamos uma herança monogênica (determinada por um par de alelos). Uma atividade simples é estabelecer um suporte concreto como cromossomo que poderá ser feito de massa de modelar ou canudinho plástico quais se marcam os alelos. Os alunos fazem uma lista de genes (A, B, C) e distribuem os alelos nos cromossomos homólogos. Os alunos vão fazer a meiose na qual ocorre a segregação independente dos cromossomos. Assim farão a formação dos gametas. Em duplas podem efetuar a formação de zigotos podendo fazer cálculos de probabilidades. O professor poderá chamar a atenção dos alunos sobre como a recombinação dos alelos na reprodução sexuada colabora para a formação da variabilidade genética das populações. A Revista Brasileira de Ensino de Genética tem alguns materiais que podem ajudar nessa atividade (veja aqui).
Os dois exercícios propostos acima podem ser aproveitados para uma terceira atividade. Dividida a turma em grupos: cada grupo deverá pesquisar algumas características fenotípicas encontradas nos rostos de seus membros. Existe uma série delas como o formato dos olhos, grossura de sobrancelhas e lábios, covinhas, largura do nariz, formato do queixo, o bico de viúva dos cabelos e outros. O professor pode adiantar que essas características se comportam de acordo com o modelo monogênico que segue a primeira lei de Mendel. Assim, os alunos, conforme as características de suas famílias, vão deduzir se são dominantes, recessivos e se as características mencionadas são ou não ligadas ao sexo. Em seguida, peça que os alunos construam um modelo representativo de seus cromossomos, com os alelos herdados dos pais, e simulem o cruzamento com os cromossomos de outros colegas. Os resultados poderão ser mostrados por meio da montagens de fenótipos, que podem ser representados utilizando-se fotografias recortadas no computador com a utilização de programas de edição de imagens. 


3ª Etapa: investigação sobre epigênese na população de gêmeos univitelinos
Conte à turma que apesar de gêmeos univitelinos serem clones genéticos seus fenótipos não são absolutamente iguais. Podemos atribuir isso a uma manifestação geral de fenômenos epigenéticos. Para confirmar a ocorrência desse fenômeno, estimule-os a entrevistar e coletar dados de gêmeos comparando essas características. Sugira que coletem informações sobre peso, altura, impressão digital, formatos do rosto e outros detalhes ou ainda marcas que os gêmeos puderem contar e mostrar. Dados sobre padrões de comportamento podem ser importantes desde que sejam consistentemente diferenciados. Outros dados ainda podem ser coletados, como história pessoal e familiar, padrões de dieta e exercícios físicos. As diferenças observadas nos gêmeos podem ser interpretadas em face das diferenças fenotípicas registradas.


Avaliação
Cada etapa poderá se avaliada de modo distinto. Na primeira etapa, o professor poderá pedir que os alunos montem e entreguem um glossários de conceitos e termos de genética. Na segunda e terceira etapas, os grupos de trabalho deverão entregar relatórios mostrando seus resultados.

Quer saber mais?
Microgene: atividades para o ensino de Bilogia 
Amabis J. M. e G. R. Martho. Biologia das populações. Volume 3. Moderna, São Paulo, 2004. (Suplemento do Professor cap. 8).

Consultoria Ricardo Paiva
Professor de Biologia do Colégio Santa Cruz, em São Paulo


http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/plano-de-aula-biologia-genetica-determinando-padroes-heranca-785616.shtml
Imposto: um mal necessário?

Apresente para a classe um breve histórico sobre as tributações financeiras e relacione a sua existência ao funcionamento e manutenção dos Estados


Objetivo
Realizar um exercício de reflexão sobre os impostos e sua aplicação na constituição dos Estados modernos


Conteúdo
Formação dos Estados e sistemas de governo


Anos                                                                    Ensino Médio


Material necessário
Computadores ou sistema de som com acesso à internet
Cópia do vídeo ou da música "Impostos", do compositor Djavan
Cópia da letra da música "Impostos", do compositor Djavan (disponível abaixo)
Cópia do artigo 145 da Constituição Brasileira (disponível abaixo)

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Desenvolvimento

1ª etapa
Para iniciar essa aula, a ideia é explicitar o conceito de Estado e suas diversas formas de organização na sociedade. Durante a história, tivemos uma grande diversidade de modos de organização da sociedade. Neste campo, destacamos a compreensão do pensador alemão Max Weber, para quem o Estado seria "uma relação de homens que dominam seus iguais, mantida pela violência legítima (isto é, considerada legítima)"
Além do Estado se situar no campo da administração de pessoas em uma determinada localidade, a demanda por uma melhoria na condição de vida nessa relação de homens se estabelece a todo instante. Os diversos interesses podem entrar em disputa, propiciando conflitos entre os indivíduos.
O filósofo político italiano Nicolau Maquiavel afirma que somente um príncipe conseguiria fazer com que a sociedade seguisse um caminho em direção à virtude e com instituições estáveis. Já o pensador inglês Thomas Hobbes aponta para uma sociedade em constante conflito entre as vontades individuais. Para que esse essa contínua desordem dê lugar a um espaço harmonioso, ele propõe que todas as pessoas submetam suas vontades a somente um indivíduo. O rei passaria a ter controle sobre as paixões que provocam os excessos e a desordem na sociedade.
Após esta breve explicação sobre esses conceitos de Estado, relacione os autores citados com o sistema feudal, buscando relembrar que o controle da sociedade sempre esteve presente nas mãos de uma única camada da população. Auxilie a classe a refletir sobre como as formas de administração do Estado mudaram de lá para cá. Proponha uma discussão entre a turma sobre as semelhanças entre as distintas formas de administração de um local. Ao término da discussão, peça que os alunos levantem quais são os itens essenciais para garantir a administração de um estado ou de um local público. Anote as palavras-chave na lousa, elas serão retomadas em um segundo momento.

2ª etapa
Explique aos alunos que a palavra "imposto" vem do latim impositu que deriva do verbo impor. Deste modo, os impostos são observados como uma imposição de um tributo aos cidadãos destinados às despesas gerais de administração do Estado. Neste momento, vale resgatar o que foi discutido na aula anterior, levando em consideração que, para se realizar as atividades que foram listadas pelos jovens, deve-se atentar aos aspectos econômicos necessários para a concretização de serviços públicos.
A cobrança de taxas para a manutenção do Estado vem desde longa data. Há aproximadamente 3000 anos a. C., os faraós já realizavam esta prática aos seus súditos. Era justamente essa figura soberana que decidia como os impostos deveriam ser aplicados na sociedade. Trace esse panorama para a turma, destacando alguns outros momentos históricos em que os impostos estiveram presentes ou foram sinônimo de entraves políticos. Em seguida, apresente a definição do pensador francês Gaston Jèze sobre a aplicabilidade desta taxa: "O imposto é uma prestação pecuniária para as pessoas, exigido pela autoridade devida, de modo permanente e sem remuneração por tal, para cobrir uma função pública necessária."
Nos regimes ditos democráticos, os impostos são legitimados através das leis referendadas nos espaços legislativos e julgadas pelo judiciário. Somente após este percurso, o poder Executivo aplicará a lei. Sendo assim, os impostos variam de acordo com a região a ser aplicada, concentração de renda e número de habitantes de determinado lugar. Estas são algumas variáveis que determinam a quantia a ser paga pelos cidadãos.
O artigo 145 da Constituição Brasileira determina a fixação de imposto em território nacional de acordo com os seguintes princípios gerais:

Constituição brasileira
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I impostos; 
II taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Apresente esse trecho da Constituição para a turma e, em seguida, oriente-os a se dividirem em grupos de aproximadamente 5 alunos para a realização de um texto dissertativo que contemple os seguintes questionamentos:
Por que devemos pagar impostos?
Qual a trajetória histórica deste tributo até os dias atuais?
Em nossa sociedade, quem são os responsáveis pela fixação dos impostos?
Quais impostos que vocês conhecem e que são aplicados em nosso cotidiano?

3ª etapa
Inicie essa etapa informando à classe que serão trabalhados aspectos mais palpáveis sobre os impostos, tendo em vista a realidade brasileira e o nossos sitema tributário. Escreva na lousa os nomes dos impostos mais comuns que pagamos, e comente brevemente à que se destinam e sobre o que incidem cada imposto citado. São exemplos de impostos diretos no Brasil:
IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) - Arrecadado pelos governos estaduais, este imposto incide sobre os proprietários de veículos automotores.
IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) - Este imposto arrecadado pelo governo federal é descontado na folha de pagamento de todo trabalhador, variando entre 15% e 27% de seu salário.
IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) - Coletado pela prefeitura, o IPTU diz respeito a uma taxa imobiliária diante de casas, apartamentos ou espaços comerciais.
Informe à turma que existem ainda os impostos indiretos, que são taxas cobradas sobre os serviços e produtos consumidos pelas pessoas. O comerciante ou produtor, ao ser cobrado por este imposto, repassa o reajuste para o valor cobrado nos serviços ou produtos. São exemplos de impostos indiretos no Brasil:
ISS (Imposto sobre Serviços) - O ISS incide no setor de serviços, como educação e saúde. Compete ao governo municipal regulamentar a cobrança deste imposto.
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - Este imposto é fixado pelo governo federal e incide sobre a comercialização de produtos industrializados
A maneira como os impostos são recolhidos é uma grande discussão. Alguns pensadores propõem o chamado imposto progressivo, como uma possível forma de criar relações mais igualitárias diante do pagamento dessas tributações. Neste ponto de vista, quanto maior a condição financeira de um indivíduo, mais ele pagará impostos, fazendo com que a desigualdade diminua, devido aos baixos impostos às pessoas mais necessitadas.
Após a exposição, distribua para a classe cópias da letra da música "Imposto', do cantor e compositor Djavan.
Imposto - Djavan

IPVA, IPTU
CPMF forever
É tanto imposto
Que eu já nem sei!...
ISS, ICMS
PIS e COFINS, pra nada...
Integração Social, aonde?
Só se for no carnaval
Eles nem tchum
Mas tu paga tudo
São eles os senhores da vez
Tu é comum, eles têm fundo
Pra acumular, com o respaldo da lei
Essa gente não quer nada
É praga sem precedente
Gente que só sabe fazer
Por si, por si
Tudo até parece claro
À luz do dia
Mas claro que é escuso
Não pense que é só isso
Ainda tem a farra do I.R.
Dinheiro demais!
Imposto a mais, desvio a mais
E o benefício é um horror
Estradas, hospitais, escolas
Tsunami a céu aberto,
Não está certo.
Pra quem vai tanto dinheiro?
Vai pro homem que recolhe
O imposto
Pois o homem que recolhe
O imposto
É o impostor

Ouça a música com a turma e proponha uma reflexão sobre sua letra com os alunos. Ao terminar, discuta com a turma sobre como os impostos poderiam ser melhor utilizados na sociedade, e de que modo as desigualdades poderiam diminuir caso o Estado desse conta de empregar o dinheiro arrecadado na melhoria e democratização dos serviços públicos de boa qualidade. Deixe que os alunos comentem à vontade e expressem suas opiniões. Nesse momento o professor deve ser o mediador do debate, sem impor ou explicitar uma verdade absoluta.

Avaliação
Recolha o texto dissertativo produzido pelos grupos durante a 2ª etapa. Deverão ser observados os critérios usados para responder as questões, a coerência em relação ao que foi debatido em sala de aula e se os conceitos de Estado e de impostos foram empregados da maneira correta. Avalie também a participação e o envolvimento de cada um durante os debates.


Consultoria Rafael Beverari
Sociólogo, mestrando na Universidade de São Paulo (USP)


http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/impostos-mal-necessario-785614.shtml

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O que é desindustrialização?

Explique as causas e consequências desse fenômeno, como ele atinge a economia brasileira e estimule a turma a analisá-lo nos contextos local e global

Conteúdos
- A globalização dos fluxos econômicos e financeiros
- A produção do espaço geográfico: redes urbanas, industriais e áreas de transição 
- Desindustrialização: a abordagem sistêmica do conceito, premissas e caracterização

Objetivos 
- Perceber o cenário contemporâneo da globalização sob a perspectiva dos fluxos econômicos e financeiros. 
- Estabelecer conexões entre a produção do espaço geográfico e os processos de urbanização, industrialização e desindustrialização.
- Sistematizar um mapa conceitual, visando o desenvolvimento de analises multidimensional em escala global-local. 

Tempo estimado                         Quatro aulas

Anos                                     Ensino Médio

Materiais necessários
- Cópias da reportagem "De volta à brincadeira" (Veja 2375, de 04 de junho de 2014)
- Computadores com acesso à Internet ou projetor de imagens 
• Leitura direcionada ao professor (aqui)


Leia mais

Desenvolvimento
1ª etapa
Inicie a aula solicitando que os alunos posicionem suas cadeiras em forma de circulo. Em seguida, questione o que a turma entende sobre desindustrialização. Partindo das respostas dos alunos, conduza a explicação. Mantenha como eixo central aspectos sobre o processo de globalização atual com ênfase nos fluxos econômico-financeiros e vincule a abordagem à produção e arranjo do espaço geográfico mundial. Destaque, de maneia geral, as causas e consequências desse processo, bem como o ritmo acelerado que rege os fenômenos que o cercam. Explique que esses processos têm impactos e reflexos não apenas nas estruturas econômicas, mas também repercutem diretamente na relação sociedade-natureza. Estimule a participação dos alunos e amplie o repertório com as seguintes questões:
a)  Faz sentido falar de desindustrialização no Brasil?
b)  É possível afirmar que existe um tipo de indústria ou espaço geográfico mais vulnerável ao processo de desindustrialização? 
c)  Será que a desindustrialização pode ser entendida como uma fase do desenvolvimento da economia capitalista?
d)  Há maior tendência de que alguns países entrem em um processo de desindustrialização?
e)  Existe relação entre desindustrialização e sucateamento das indústrias nacionais por falta de inovação, competitividade e produtividade?
f)  O protecionismo econômico e as taxações estão relacionados ao processo de desindustrialização?
g)  O crescimento urbano desordenado pode desencadear processos de desindustrialização?
h)  Qual é a diferença entre desindustrialização e desconcentração industrial relativa?

Encerre essa primeira etapa disponibilizando a reportagem da revista Veja e o texto de apoio "Desindustrialização: conceito e a situação do Brasil". Peça que os alunos leiam os dois textos para responder por escrito as questões no caderno. Diga ainda que, a partir da leitura, eles também podem formular novas indagações que contribuam para a melhor compreensão do tema.

2ª etapa
Certifique-se de que todos tenham lido e entendido os textos recomendados e retome a discussão das questões propostas na aula anterior. Pontue alguns aspectos fundamentais e esclareça que a desindustrialização é um fenômeno observado nas grandes cidades capitalistas industrializadas, seja nos países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, fazendo, portanto, parte do processo de desenvolvimento capitalista. Contudo, alerte que isso não é uma regra, nem mesmo um processo uniforme. Há casos onde há coexistência de áreas industrializadas e o desaparecimento de alguns segmentos industriais. É o caso da indústria de transformação e sua exposição a ameaças diante e competitividade com o mercado internacional. Na leitura recomendada é possível visualizar essa diminuição na participação das indústrias de transformação, enquanto a indústria extrativista no Brasil apresenta crescimento exponencial - o que deve ser explicitado à turma para que não ocorra generalizações nas análises. Já em relação às indústrias de ponta, que demandam investimentos em ciência e tecnologia, é preciso considerar aspectos históricos associados a desigualdades de oportunidades, sobretudo no desenvolvimento social, que desencadearam atrasos significativos da indústria brasileira em relação às grandes potencias econômicas mundiais. 
Outra possibilidade de estudar a desindustrialização é observando o efeito da dispersão relativa das indústrias - nesse caso é possível mapear e obter definições espaciais especifica com a localização de áreas desindustrializadas. Destaque de maneira enfática que nesse caso, é mais apropriado denominar esse processo de desconcentração industrial relativa. Isso significa que grandes parques industriais concentrados tendem à dispersão e/ou são transferidos para outros espaços devido a diferentes motivos, que serão investigados na etapa seguinte. Conclua falando que temas como a desindustrialização precisam ser entendidos de forma sistêmica para poder entender esse fenômeno em escala global e, depois, estabelecer analises pontuais, delimitadas e contextualizadas. Para isso, proponha o desenvolvimento de um mapa conceitual e ilustre alguns modelos, tais como nuclear, hierárquico, entre outras possibilidades (veja aqui como construir os mapas conceituais). Em seguida, organize a turma em grupos e solicite que eles listem as principais ideias sobre os textos recomendados e as discussões em sala de aula. Nesse momento, os alunos poderão mapear as palavras-chaves para posterior conexão entre os temas e conceitos. Deixe-os iniciar essa atividade na sala, assim, se surgirem dúvidas, será possível auxiliá-los para que eles continuem a tarefa após aula. Conclua solicitando que os grupos pesquisem e tragam para próxima etapa um estudo de caso, isto é, um exemplo para avaliarem a existência de um processo de desindustrialização.

Quer saber mais?

Caso haja disponibilidade e interesse de desenvolver a metodologia dos mapas conceituais de maneira mais profunda é possível usar o software livre. Indicamos também a leitura de dois textos: 

3ª etapa
Inicie a aula com a apresentação de um breve vídeo da CNI (aqui) que mostra a perspectiva empresarial do setor industrial brasileiro e, na sequencia, exponha a perspectiva governamental com base no Plano "Brasil Maior" (aqui). Retorne aos fundamentos da aula anterior, compare as perspectivas e verifique causas e consequências associadas aos processos de desindustrialização. Dedique-se a esclarecer que a desindustrialização não deve ser tratada como um conceito genérico, pois da mesma forma que o processo de industrialização teve suas particularidades em diferentes países, o mesmo se dá com a desindustrialização. Aproveite esse gancho para a reflexão sobre a subordinação dos recursos humanos e naturais à lógica capitalista, que exacerba desigualdades socioeconômicas e ignora impactos ambientais.
O caso das indústrias Matarazzo em São Paulo é bem emblemático e pode evidenciar esse cenário de mudança do espaço geográfico associado à transição do perfil da economia. Explique que a metrópole paulista continua sendo um polo industrial, mas por conta da restruturação do espaço urbano sua função mudou. Atualmente, o processo de verticalização é destinado ao uso residencial ou comercial na capital paulista e implica em investimentos de altíssima rentabilidade. 
Anteriormente, alguns desses espaços eram destinados à indústria, sendo que a causa dessa mudança pode ser explicada pela própria dinâmica no espaço geográfico. É importante também destacar que dependendo da localização, há uma depreciação dos espaços que antes eram ocupados pelas indústrias, sendo considerados decadentes e impróprios para expansão de eixos da própria cidade. Mencione que a escassez de espaços e a concentração populacional fomentaram a especulação imobiliária e expulsão das indústrias para áreas periféricas ou para outras regiões. 
Além disso, a própria densidade estrutural e vias urbanas impõem limites à circulação de pessoas e mercadorias gerando uma inadequação física às indústrias de grande porte, que demanda recursos naturais, redes de serviços e vias de escoamento apropriadas para sua produção. Essa é uma das maneiras de se analisar processos desindustrialização. Após, esse exemplo dirija-se aos grupos para avaliar os casos escolhidos, verifique se as amostras são pertinentes e os ajude a iniciar as análises durante a aula. Lembre-os da necessidade do registro de palavras-chaves para construção do mapa conceitual, e incentive-os a continuar em casa os trabalhos para a próxima etapa.

4ª etapa
Resgate e reforce com seus alunos os conceitos estudados na etapa anterior. Retome brevemente os exemplos estudados para mostrar as diferenças nos processos de desindustrialização estudados. Diga aos alunos que é importante delimitar os recortes geográficos que estão sendo analisados, para então estabelecer relações global-local.
O trabalho final deve ser composto o mapa conceitual esquematizado com os conceitos e conexões entre os temas ao redor do núcleo "desindustrialização" e o estudo de caso para aproximação da teoria com a realidade. O formato do estudo de caso pode ser determinado pelos grupos - sendo possível a escolha de um mapa, uma imagem ou mesmo a construção de um texto analítico sobre a área de estudo pesquisada. O importante é que ambos mantenham-se conectados. Finalmente, combine o prazo de entrega e solicite que eles entreguem para sua avaliação.

Avaliação
As diversas maneiras de avaliar podem contribuir para emergência de habilidades cognitivas que nem sempre são aparentes, mensuráveis ou mesmo priorizem o conteúdo. A aprendizagem deve incluir atitudes éticas e morais que representam avanços qualitativos tão importantes quanto os conteúdos apreendidos. Pensando sobre isso, a sugestão é oferecer aos alunos a oportunidade de uma auto avaliação atribuindo corresponsabilidade diante a sua aprendizagem. Ensine-os a seguirem critérios de avaliação e indique os parâmetros. Exemplo: a) qualidade das informações/imagens e pertinência dos argumentos e b) Criatividade e originalidade incorporada ao trabalho final. Divida a nota final em duas partes, sendo: 50% correspondem à parcela atribuída pelo professor (a) e 50% correspondem à auto avaliação do aluno.

Consultoria Liliam Rosa Prado
Geógrafa e doutoranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento - UFPR


http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/plano-de-aula-geografia-desindustrializacao-784844.shtml