sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Tecnologia ajuda ou atrapalha?

Até que ponto as redes sociais e a internet potencializam o aprendizado? Leve o debate para a sua turma com a proposta para produção de texto sobre os benefícios da tecnologia para os estudos


Discuta com seus alunos o papel da tecnologia nos estudos. Em muitos casos, ajudam a estudar em grupo e a tirar dúvidas de forma mais instantânea. Em outros, são principal motivo de distração e perda de foco. Até que ponto as redes sociais e a internet potencializam o aprendizado?
Utilize a apresentação abaixo como ferramenta em sala de aula.


1ª etapa

Leia com seus alunos a reportagem “A turma está a um clique”, da revista VEJA, de 13 de agosto de 2014. Em seguida, peça para apontarem as evidências apresentadas no texto que mostrem o panorama do uso das ferramentas virtuais para os estudos, justificando com trechos do texto. Eles devem ressaltar os seguintes tópicos:
O crescente uso das redes sociais e mensagens virtuais, em detrimento das reuniões de estudo presenciais: “73% dos universitários brasileiros usam a rede social e 58% utilizam serviços de mensagem de texto para estudar. Só 5,6% persistem na presença física dos colegas”.
Em paralelo, a oferta cada vez maior de cursos online: “Um dos mais destacados indicadores do fenômeno é a multiplicação dos cursos online gratuitos de universidades de primeiríssima linha, que vêm estimulando a formação de classes globais com alunos na casa das centenas de milhares”.
O aumento do número de sites e aplicativos para facilitar o aprendizado pelo virtual: “No Brasil, o Passei Direto (...), fundado há dois anos no Rio de Janeiro, arrebanhou 1 milhão de usuários no primeiro ano e hoje congrega 2 milhões” e “O precursor foi o Ebah, criado em 2006 (...). Hoje a plataforma tem 3 milhões de usuários e está presente ainda em Portugal, Angola e Moçambique”.
Pesquisa internacional aponta que o uso do computador tem relação com o resultado na escola: “Uma pesquisa realizada com estudantes de 41 nacionalidades pela OCDE (...) mostrou que os mais bem-sucedidos no colégio são os que têm o hábito de usar o computador em casa; fazendo isso, eles passaram a dedicar 30% mais tempo aos estudos”.

2ª etapa

Após a identificação dos dados sobre o tema, verifique com seus alunos se o que está dito na reportagem tem relação com o dia a dia deles. Questione se fazem uso das redes sociais e de sites especializados - como os citados no texto - para estudar. Quais ferramentas são mais utilizadas? Qual a frequência de uso? Todos utilizam? Alguém gosta mais de reuniões presenciais? Quais os motivos para as respectivas preferências? Anote no quadro as respostas, como uma síntese do debate.
3ª etapa
Em seguida, siga na mesma linha metodológica da primeira etapa e peça para os alunos identificarem no texto os trechos que apresentam os prós e os contras do uso da internet para estudo em grupo. Eles devem destacar os seguintes pontos:

Aspectos positivos

“A interatividade virtual veio facilitar o exercício da atividade intelectual, estimulando habilidades altamente valorizadas em nosso tempo”
“Dialogando com desconhecidos e destrinchando uma montanha de informações, o estudante desenvolve a capacidade de produção em equipe, de liderança e de autonomia”
“no horário que quiserem, estejam onde estiverem, e ainda por cima com um vastíssimo material à disposição”
“Transferir o estudo para o ambiente virtual é uma espécie de socialização do aprendizado”
“posso comparar métodos e explicações diferentes e chegar rapidamente a conclusões que, sozinho, levaria muito mais tempo para alcançar”

Aspectos negativos

“Requer, porém, um grande esforço de concentração para não se desviar do objetivo e tornar a coisa pura perda de tempo: quem se deixa levar pela tentação de passar uma mensagem ou postar uma selfie no meio da labuta vai perceber que, no fim, aprendeu muito pouco”
4ª etapa
Feito o mapeamento dos pontos argumentativos da questão, pergunte a seus alunos se, em suas experiências, concordam com o que foi posto. Incentive o debate crítico. Há outros pontos positivos do uso das tecnologias online para estudar? E negativos? É consenso na turma? Quem discorda? Por quê? Da mesma forma, faça uma lista no quadro com os principais argumentos levantados.

Resumindo
Leitura do texto
Identificação dos principais pontos factuais do tema
Debate sobre a realidade dos alunos
Identificação dos eixos argumentativos do texto
Debate argumentativo com a problematização sobre os possíveis benefícios do uso das tecnologias virtuais para estudar

Avaliação
Peça a seus alunos para escrever um texto argumentativo, que responda à pergunta: "O uso de tecnologias virtuais ajuda ou atrapalha os estudos?".
Oriente os alunos para utilizarem os dados apresentados no texto e os argumentos levantados pela classe. Além disso, incentive o uso de outras informações novas. Verifique se a articulação entre todos os dados está coesa e se o texto tem uma linha argumentativa coerente.


http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/tecnologia-ajuda-ou-atrapalha-795729.shtml
Como chegamos ao modelo eleitoral atual?

Objetivo(s)
Compreender a importância e a dinâmica das eleições no Brasil com base numa perspectiva histórica
Identificar as principais características do Estado brasileiro em diferentes períodos da República.

Conteúdo(s)
A República no Brasil    
O papel da sociedade civil e dos movimentos sociais na luta pela redemocratização brasileira: O Movimento das “Diretas Já”


Ano(s)                            1º               2º               3º

Tempo estimado           Quatro aulas

Material necessário
- Cópias das reportagens "A anfitriã das eleições" (Veja 2386 - de 13 de agosto de 2014) e "A volta que o mundo deu" (Veja 1772, de 9 de outubro de 2002)
- Computadores com acesso à internet

Reportagem da Veja:

Desenvolvimento
1ª etapa
Introdução
Tão ancestral quanto a luta pela livre escolha dos representantes do povo é a acirrada disputa dos candidatos a esses cargos eletivos. Para o mundo ocidental, a democracia tem como referência original a Grécia antiga, em especial a cidade-Estado de Atenas. Foi lá que inicialmente se discutiram a importância das eleições, as dificuldades de governar e a necessidade de ter apoio popular,— isso cinco séculos antes de Cristo.
Até hoje, portanto, em mais de 2500 anos, a democracia e o voto acabaram conhecendo longos períodos de ditadura e o descrédito na escolha de representantes, mas sempre renasceram como elementos indispensáveis para a construção da cidadania. VEJA observa que, em pleno século 21, as promessas giram praticamente em torno dos mesmos temas. A reportagem estende-se, então, a uma grande análise sobre as eleições presidenciais no Brasil e as características de cada campanha em 2002. O assunto presta-se a um estudo mais abrangente sobre os grandes momentos da nossa República.
Utilize as reportagens de Veja para traçar um panorama do recente período democrático no país, inaugurado com a campanha Diretas Já, analisando os principais fatos e arranjos institucionais de cada período e, por fim, discuta com os alunos como ocorrem as alianças partidárias e a elaboração dos programas de governo.
 Encomende uma pesquisa sobre a história das eleições no Brasil independente, com ênfase no período republicano. Alguns dos principais momentos estão mencionados no quadro abaixo. Os resultados podem ser afixados na classe.
É recomendável mencionar alguns fatos que serviram para alinhavar nosso processo eleitoral. Nos quase 200 anos de vida soberana do país, esse processo teve altos e baixos. A Constituição de 1824, por exemplo, criou o voto censitário (segundo a renda do cidadão) e excluiu do jogo eleitoral a ampla maioria da população. Escravos, indígenas, mulatos e brancos pobres não eram considerados cidadãos: somente os que tinham certa renda podiam ser eleitores e candidatos. Portanto, nada impedia que um rico proprietário, ainda que analfabeto, ocupasse algum cargo eletivo— ou escolhesse seu representante no poder. Em 1881, ainda sob a Monarquia, a Lei Saraiva eliminou o pleito censitário, mas impôs que votantes e candidatos fossem alfabetizados.
Vale lembrar que, num primeiro momento, o regime republicano, adotado em 15 de novembro de 1889, manteve a exclusão das mulheres e dos iletrados. Como não havia voto secreto, as fraudes eleitorais marcaram o período: a situação sempre vencia. A lei obrigava o eleitor a votar na frente do mesário. Muitas vezes, nem era o cidadão, mas um assessor do líder local quem votava, preenchendo a ata com nomes previamente combinados.
Desafie os estudantes a comparar as duas ditaduras pelas quais o país passou: o primeiro mandato de Getúlio Vargas e a linha dura resultante do golpe militar de 1964. Em 1965, o regime dos generais extinguiu todos os partidos políticos e impôs duas novas legendas à população: Aliança Renovadora Nacional (Arena), representante do governo, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição. O Congresso perdeu poder, dezenas de parlamentares tiveram suprimidos seus direitos políticos e as eleições diretas para presidente da República e governadores de Estado foram substituídas por pleitos indiretos. Mesmo assim, a Câmara Federal e o Senado, tidos como ameaça pelos ditadores, foram fechados em diversas ocasiões entre 1964 e 1977. Em 1989, após 29 anos de repressão, o povo voltou a escolher livremente o presidente da República. A história do voto no Brasil pode ser acompanhada pela internet (veja a indicação no final deste plano de aula).
Divida a turma em pequenos grupos e solicite a cada um deles uma pesquisa sobre os dois períodos ditatoriais da República: o Estado Novo de Vargas (1937 - 1945) e o regime militar (1964 - 1985). Oriente os alunos a pesquisarem em fontes confiáveis. Depois, socialize os resultados das pesquisas com toda a turma e promova um debate sobre as semelhanças e diferenças dos dois períodos autoritários. Utilize algumas perguntas para incentivar a discussão: o que motivou os dois golpes de Estado? Quais eram as bases de sustentação dos dois regimes? Como eram tratados os opositores? Como o contexto político internacional influenciou os diferentes regimes? Quais foram os principais feitos? O que motivou, nos diferentes contextos, o retorno à democracia?   

2ª etapa
Um século de República
Inicie esta etapa destacando os principais momentos do período republicano no país no que se refere às eleições. Para isso, utilize a linha do tempo abaixo. Comente com a turma que, desde 1889, a história política brasileira alterna períodos de fraudes eleitorais, ditaduras violentas e pouco desenvolvimento social.
1889 - Proclamação da República: Deodoro da Fonseca, nosso primeiro presidente, renunciou em 1891, após conflitos com o Congresso
1926 - 1930 - Washington Luís, o último da fase café-com-leite, quando paulistas e mineiros revezavam-se no centro do poder
1933 - Mulheres vão às urnas pela primeira vez: a médica Carlota Pereira de Queiroz torna-se deputada federal na Assembleia Constituinte
1956 - 1961 - 50 anos em cinco: slogan de Juscelino Kubistchek traduzia as propostas desenvolvimentistas de seu governo
1961 - 1964 - João Goulart: o vice de Jânio, que renunciou, assumiu o poder em regime parlamentarista, depois da campanha pela legalidade
1969 - 1974 - Garrastazu Médici: o auge da ditadura militar, num dos períodos de violência repressora e menor liberdade política
1985 - 1990 - Tancredo e Sarney: presidente (que faleceu antes de assumir) e vice-eleitos pelo voto indireto na volta dos civis ao poder
1990 - Primeiro chefe de Estado eleito por voto popular desde Jânio, Fernando Collor foi destituído por impeachment em 1992. Em seu lugar assumiu o então vice-presidente, Itamar Franco.
1994 - Lançamento do Plano Real pelo ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, que em outubro do mesmo ano seria eleito Presidente da República
1998 - Reeleição de Fernando Henrique Cardoso
2002 - Eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para Presidência de República
2005 - O deputado Roberto Jefferson denuncia pela imprensa esquema de corrupção de parlamentares que ficou conhecido como mensalão
2006 - Reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva
2010 - Dilma Rousseff é eleita presidente

Após a leitura do quadro acima, comente que, desde a Proclamação da República, o Brasil já teve sete Cartas Magnas (1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988). Comente brevemente as alterações no processo eleitoral contidas em cada documento:
1891 - Institucionaliza o Estado brasileiro como República Federal. Estabelece o sufrágio universal masculino para todos os brasileiros alfabetizados maiores de 21 anos de idade. O voto é aberto, excluindo ainda analfabetos, mulheres e militares.  
1934 - Após a derrota da revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, o governo Vargas convoca eleições para formação da Assembleia Constituinte que redigi e a Constituição da República Nova, que estende o direito a voto às mulheres e define os direitos constitucionais dos trabalhadores, formalizados posteriormente com a Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943.
1937 - Apelidada de constituição polaca devido à inspiração na carta magna daquele país, instaura a ditadura do Estado Novo. O documento institui as eleições indiretas para presidente da república, a obrigatoriedade e o sigilo do voto.  
1946 - Derruba as restrições às liberdades impostas pelo Estado Novo, reinaugurando o período democrático, com eleições livres, diretas e com voto universal.
1967 - Com os membros da oposição previamente afastados, o regime militar dá ao Congresso Nacional, por meio do Ato Constitucional de número 4, o poder de Assembleia Constituinte para a redação da Carta que institucionaliza o regime. O documento restringe os direitos políticos e estabelece eleições indiretas para presidente, com mandato de cinco anos.  
1969 - A Carta de 1967 recebe nova redação conforme a Emenda Constitucional n° 1, decretada pelos "Ministros militares no exercício da Presidência da República". É considerada por especialistas como uma nova Constituição. Oficializa o dispositivo dos Atos Institucionais, responsáveis pelo recrudescimento da perseguição política.
1988 - Decretada e promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte de 1988, deu forma ao regime político vigente. Com ela o povo volta a escolher, por meio do voto direto e secreto, seus representantes em todas as esferas de governo.  

Após pontuar as diferenças e os contextos de elaboração de cada um desses documentos, peça que a turma leia as duas reportagens de Veja listadas no início desta sequência didática. Promova um debate sobre os avanços no processo eleitoral ao longo das constituições.
Em seguida, encomende a pesquisa das propostas de governos dos principais candidatos (indique a busca nos sites dos partidos o do TSE e solicite que a garotada compare os programas defendidos pelos candidatos. Organize a elaboração de um dossiê com os planos e promessas dos candidatos, de modo que a turma possa acompanhar o mandato do candidato eleito.

3ª etapa
Uma vez conhecidos os resultados do pleito, discuta com os adolescentes os pontos positivos e negativos do processo eleitoral nos moldes atuais. De que slogans de campanha eles mais se lembram? O que acham do horário político obrigatório? Essa programação produziu alguma mudança no quadro político? As previsões se confirmaram? Faz sentido a afirmação de alguns candidatos segundo os quais as pesquisas políticas não indicam quem será eleito?
Numa segunda fase, aborde a questão da obrigatoriedade do voto. Justifica-se tal imposição? O que a turma pensa sobre o direito de votar a partir dos 16 anos?
A votação eletrônica foi uma das grandes conquistas na história das eleições no Brasil. O recurso, que se estende a todas as regiões do país, traz duas grandes vantagens: permite que grande número de eleitores vote em curtíssimo tempo e facilita a contagem e totalização dos votos.
É interessante observar que esse sistema evita uma série de fraudes, que marcaram inúmeros episódios no passado, além de impedir brincadeiras como votar em personagens fictícios, por exemplo. Há casos famosos como o do rinoceronte Cacareco, que em 1958 obteve cerca de 100 mil votos para exercer a vereança em São Paulo. A urna eletrônica acabou, assim, com a possibilidade de parte da população manifestar sua descrença no processo eleitoral. Mas não eliminou um quase total desconhecimento do povo sobre o trabalho dos políticos depois de eleitos. As promessas de campanha, às vezes absurdas, ainda rendem dividendos políticos.

Avaliação
Divida a turma em grupos de quatro alunos. Com base na pesquisa dos diferentes programas de governo, cada grupo deverá escolher um representante que desempenhará o papel de um candidato no debate eleitoral. Os alunos restantes farão o papel do eleitorado. Observe se os alunos têm familiaridade com as propostas de cada pleiteante e se conseguem articular seus conhecimentos de modo a contestar visões contrárias e persuadir a plateia.
Ao final do debate, promova uma reflexão em grupo sobre os assuntos discutidos e solicite que cada aluno produza um texto em que argumente em favor do candidato de sua escolha. Observe se os alunos conseguem articular as propostas do candidato para fundamentar sua argumentação e expor suas ideias referentes aos principais projetos apresentados.

Para saber mais
Fim da fraude?
A votação eletrônica foi uma das grandes conquistas na história das eleições no Brasil. O recurso, que se estende a todas as regiões do país, traz duas grandes vantagens: permite que grande número de eleitores vote em curtíssimo tempo e facilita a contagem e totalização dos votos.
É interessante observar que esse sistema evita uma série de fraudes, que marcaram inúmeros episódios no passado, além de impedir brincadeiras como votar em personagens fictícios, por exemplo. Há casos famosos como o do rinoceronte Cacareco, que em 1958 obteve cerca de 100 mil votos para exercer a vereança em São Paulo. A urna eletrônica acabou, assim, com a possibilidade de parte da população manifestar sua descrença no processo eleitoral. Mas não eliminou um quase total desconhecimento do povo sobre o trabalho dos políticos depois de eleitos. As promessas de campanha, às vezes absurdas, ainda rendem dividendos políticos.


http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/como-chegamos-ao-modelo-eleitoral-atual

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Por que judeus e palestinos vivem em conflito?
Eliza Kobayashi (novaescola@fvc.org.br)

Quase que diariamente os jornais do mundo inteiro noticiam os infindáveis ataques mútuos entre israelenses e palestinos e as diversas iniciativas internacionais de tentar promover, sem sucesso, a paz entre os dois povos. Os conflitos entre árabes e judeus, apesar de atuais, têm origem milenar e carregam uma longa história de desavenças religiosas e de disputa de terras. "Desde os tempos bíblicos, judeus e árabes, que são dois entre vários povos semitas, ocuparam partes do território do Oriente Médio. Como adotavam sistemas religiosos diversos, eram comuns as divergências, que se agravaram ainda mais com a criação do islamismo no século VII", conta Alexandre Hecker, professor de História Contemporânea da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
 O conflito mais recente entre os dois povos se intensificou a partir da Primeira Guerra Mundial, quando se deu o fim do Império Otomano, e a Palestina, que fazia parte dele, passou a ser administrada pela Inglaterra. "A região possuía 27 mil quilômetros quadrados e abrigava uma população árabe de um milhão de pessoas, enquanto os habitantes judeus não ultrapassavam 100 mil", afirma o professor. A Inglaterra apoiava o movimento sionista, criado no final do século 19 com o objetivo de fundar um Estado judaico na região da Palestina, considerada o berço do povo judeu. Segundo Alexandre, o papel dos ingleses naquele momento era o de criar esse "lar nacional" para os judeus, que vinham sofrendo perseguições e violências em todo o mundo, mas sem violar os direitos dos palestinos árabes que já viviam ali. "Assim, na década de 20, ocorreu uma grande migração de judeus para a Palestina". 
Depois de 1933, com a ascensão do nazismo na Alemanha e o aumento das perseguições contra os judeus na Europa, a migração judaica para a região cresceu vertiginosamente. Os palestinos, por sua vez, resistiram a essa ocupação e os conflitos se agravaram. Após a Segunda Guerra Mundial e o fim do Holocausto, que levou ao extermínio de 6 milhões de judeus, a crescente demanda internacional pela criação de um estado israelense fez com que a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovasse, em 1947, um plano de partilha da Palestina em dois Estados: um judeu, ocupando 57% da área, e outro palestino (árabe), com o restante das terras. "Essa partilha, desigual em relação à ocupação histórica, desagradou os países árabes em geral", afirma Alexandre Hecker. 
Em 1948, os ingleses finalmente desocuparam a região e os judeus fundaram, em 14 de maio, o Estado de Israel. Um dia depois, os árabes, insatisfeitos com a partilha, declaram guerra à nova nação, mas acabaram derrotados. "O conflito permitiu a Israel aumentar seu território para 75% das antigas terras palestinas: o restante foi anexado pela Transjordânia (a parte chamada Cisjordânia) e pelo Egito (a faixa de Gaza)", explica o professor. Em consequência disso, muitos palestinos refugiaram-se em Estados árabes vizinhos, enquanto boa parte permaneceu sob a autoridade israelense. "Outras guerras se sucederam por causa de fronteiras, com vantagens para Israel e sempre sem uma solução para o problema dos refugiados". Apesar de algumas tentativas de acordos e planos de paz, a situação atual ainda é de muito impasse, principalmente pelo fato de os palestinos, liderados pelo movimento radical islâmico Hamas, não reconhecerem o direito de existência de Israel. Na opinião de Alexandre, "a guerra entre palestinos e judeus só terá um fim quando for criado um Estado palestino que ocupe, de forma equitativa com Israel, a totalidade do território tal qual ele se apresentava em 1917".


http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/judeus-palestinos-conflito-489062.shtml
Patriotismo e nacionalismo

Discuta com a turma os conceitos de nacionalismo e patriotismo, comparando suas manifestações pelo mundo

Objetivos
Identificar versões extremadas de sentimentos como patriotismo e nacionalismo


Conteúdos
Patriotismo, nacionalismo, cidadania


Tempo estimado                  Duas aulas


Introdução
O artigo Patrulha Labial, de Roberto Pompeu de Toledo, trata, entre outros aspectos, da diferença de opiniões de autoridades francesas sobre a suposta resistência de jogadores da seleção de futebol a cantar a Marselhesa - o hino nacional do país. A ministra francesa dos Esportes considera que os jogadores deveriam fazê-lo; já a vice-ministra, negra, nascida no Senegal, afirma que exigir isso "seria uma espécie de ditadura". Será que depois do famigerado "Brasil: ame-o ou deixe-o", temos agora "Marselhesa: cante-a ou deixe a seleção"?
Em outro contexto, o artigo O novo país do futebol trata da expressão do nacionalismo que ressurge na Alemanha, em um contexto de potência econômica europeia e de seleção campeã da Copa do Mundo. Não é o mesmo caso do III Reich, que levou à eclosão da Segunda Guerra Mundial. Hoje, o pensamento é de coletividade e receptividade ao multiculturalismo. Use os textos como base para examinar com seus alunos sentimentos como nacionalismo e patriotismo, cujos excessos colocam em xeque a unidade nacional.


Desenvolvimento
1ª aula
Solicite que os estudantes pesquisem em dicionários e livros o significado dos termos "patriotismo" e"nacionalismo". Eles vão constatar que patriotismo é o sentimento daquele que ama a pátria ou a ela presta serviços. Já o vocábulo nacionalismo tem várias acepções: 
1.   Salvaguarda dos interesses e exaltação dos valores nacionais; 
2.   Sentimento de pertencer a um grupo por vínculos raciais, linguísticos e históricos, que reivindica o direito de formar uma nação autônoma; 
3.   Ideologia que enaltece o estado nacional como forma ideal de organização política, com suas exigências absolutas de lealdade por parte dos cidadãos.

Forneça, a seguir, algumas informações sobre manifestações extremas desses sentimentos, tais como o chauvinismo, o jingoísmo e o ufanismo.
Ø
Chauvinismo - é definido nos dicionários como "patriotismo fanático, cego, agressivo". A palavra deriva do nome de Nicolas Chauvin, veterano aposentado que permaneceu fanaticamente devoto a Napoleão depois da derrota do imperador em Waterloo, em 1815. A figura do velho militar deu origem a um personagem ridicularizado em peças como La Cocarde Tricolore, dos irmãos Charles-Théodore e Jean-Hippolyte Cogniard.

Jingoísmo - versão britânica do chauvinismo, ainda mais arrogante e agressiva. Felizmente, os próprios britânicos criaram um antídoto para o jingoísmo, nas palavras mordazes do escritor Samuel Johnson: "O patriotismo é o último refúgio de um canalha".

Ufanismo - segundo os dicionários, trata-se do "orgulho exacerbado pelo país em que nasceu; patriotismo excessivo". O termo remete ao livro Por que me ufano de meu país, do conde Afonso Celso, publicado em 1900. Elencando itens da superioridade do Brasil como a grandeza territorial, a beleza e o "procedimento cavalheiroso" e digno para com os outros povos, o autor faz afirmações questionáveis como: "Negros, brancos, peles-vermelhas, mestiços, vivem aqui em abundância e paz". Outras são francamente absurdas, como "Feridas e amputações cicatrizam mais depressa do que nos hospitais do Velho Mundo". Ou ainda, "No Amazonas (...) as onças (...) são inofensivas. Serpentes gigantescas guardam as cabanas". 

Chame a atenção para um outro conceito de pátria, dinâmico, livre dos exageros chauvinistas ou ufanistas. Ele pode ser expresso nas palavras do poeta Fernando Pessoa em Minha pátria é a língua portuguesa.
"Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro direto que me enoja independentemente de quem o cuspisse" (Fernando Pessoa, Livro do Desassossego)
Peça que os alunos leiam o artigo de Roberto Pompeu de Toledo, publicado em VEJA, que menciona os "times multicoloridos" da Europa que disputaram a Copa do Mundo da África do Sul. Leiam juntos também o artigo de Tatiana Gianini, O Novo País do Futebol, e identifique com os alunos os trechos que mostram como a Alemanha adotou como caminho uma receptividade maior aos imigrantes e mudou seu olhar para o multiculturalismo. Como os jovens explicam esse fenômeno? Provavelmente alguns responderão que, nas últimas décadas, países como a França e a Alemanha passaram a receber imigrantes, que hoje estão presentes nas equipes esportivas. Lembre que isso também ocorreu, no final do século 19 e início do século 20, em países como a Argentina, o Uruguai e o Brasil - que, bem ou mal, conseguiram superar preconceitos de todo tipo e forjar equipes nacionais. 
Explique à turma que, entre estes preconceitos, estava o racismo. Para se ter uma ideia, em 1924, o Vasco da Gama impediu que os grandes clubes cariocas afastassem os jogadores pobres - em sua grande maioria, negros e mulatos -, sob a alegação de que "praticavam o profissionalismo". Questione os alunos se essa fusão de etnias também ocorre na Europa. A construção da nacionalidade teve mais êxito nos países americanos de imigração ou no Velho Mundo, onde surgiu justamente o conceito de Estado Nacional? 
Encarregue os estudantes de investigar o processo de construção do Estado Nacional em países como a França e a Espanha. Será possível verificar que, muito antes da chegada dos imigrantes, um grupo étnico dominante conseguiu incorporar, num só corpo político, outras etnias. No caso francês, foram conquistados territórios meridionais de idioma provençal como a Bretanha e, já no século 17, a Alsácia e a Lorena, onde se falavam línguas germânicas. O núcleo castelhano da Península Ibérica, por sua vez, conseguiu dominar as regiões bascas e a Catalunha - todas elas dotadas de língua e cultura próprias, bem como a Andaluzia, de forte presença moura. Durante as comemorações da vitória espanhola na Copa do Mundo de 2010, atletas catalães erguiam a bandeira de sua pátria - a Catalunha, não a Espanha -, enquanto outros empunhavam pavilhões bascos e da Andaluzia. É uma evidência de que existem realidades étnicas que reivindicam, se não a independência plena, pelo menos maior autonomia no âmbito do Estado Nacional Espanhol.
Estabeleça alguns tópicos para pesquisa e debate. Foi apenas a força que conservou unidas essas diferentes etnias, ou o grupo dominante ofereceu a participação em um projeto "nacional" que lhe assegurou a hegemonia? Na França, esse projeto foi marcado pela Revolução de 1789, que forjou uma nova unidade na República com base na afirmação dos direitos de cidadania. As palavras da vice-ministra dos Esportes podem ser vistas como uma reafirmação desses direitos? 
Ressalte o potencial unificador do processo revolucionário francês: a Marselhesa foi composta em 1792 na Alsácia, com o título de Canto de Guerra para o Exército do Reno, ou seja, em um território que só passou a fazer parte da França no reinado de Luís 14. Será que na atualidade existe um projeto nacional capaz de unir, segundo Roberto Pompeu de Toledo, "uma seleção dividida em facções em que tiveram peso a origem, a cor da pele e a religião"? A julgar pelos atentados racistas contra a seleção francesa, exigindo uma equipe "branca e cristã", as perspectivas não parecem muito promissoras - e ainda menos no tocante à incorporação das famílias de imigrantes à nação francesa. 


2ª aula
Peça que a moçada relacione as passagens a seguir aos conceitos de chauvinismo, ufanismo, jingoísmo, patriotismo "ortodoxo", patriotismo "dinâmico" e nacionalismo, apresentados na aula anterior.
1.        "Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam."
(Carlos Drummond de Andrade, Também já fui brasileiro. Do livro Alguma poesia)

2.        "My country, right or wrong" (Certo ou errado, o meu país").

3.        "A língua é minha Pátria / E eu não tenho Pátria: tenho mátria / Eu quero frátria" (Caetano Veloso, Língua)

4.        "Brasil, ame-o ou deixe-o"
Propaganda governamental do governo Médici (1969-1974)

5.        "A seleção é a pátria em chuteiras"
Nelson Rodrigues

6.        "Fui e fiz meu trabalho. Tiraram sarro, disseram que eu fui patriota. Hoje os jogadores são patriotas, resgataram o orgulho e o respeito pela camisa, o moral"
Dunga, ex-técnico da seleção brasileira de futebol, em entrevista realizada em 9 de julho de 2010.

7.        "Que a vossa geração exceda a minha e as precedentes, senão em semelhante amor, ao menos nas ocasiões de o comprovar. Quando disserdes: ‘Somos brasileiros!’ levantai a cabeça, transbordantes de nobre ufania. Convencei-vos de que deveis agradecer quotidianamente a Deus o haver Ele vos outorgado por berço o Brasil".
(Afonso Celso, Por que me ufano de meu país)

Aproveite as citações para discutir com a turma as noções de patriotismo. Questione os alunos sobre o que é o mais indicado: que um treinador de futebol monte uma seleção de patriotas ou uma boa equipe? A camisa da seleção canarinho é um dos símbolos da pátria, ao lado das chuteiras presentes nas crônicas de Nelson Rodrigues? Dunga investia contra a "imprensa impatriótica", assim como a direita francesa atacava os jogadores negros e muçulmanos. Será que nos dois casos não são justificativas para a montagem de equipes que exibiram um futebol inferior ao esperado? Promova um debate com a turma e, ao final, peça para que todos escrevam textos dissertativos a respeito.

Avaliação
No decorrer dos debates, a classe deve perceber que o patriotismo não pode ser imposto. Quanto à atividade da segunda aula, espera-se a identificação dos seguintes conceitos, pela ordem em que os textos e frases aparecem neste plano de aula: nacionalismo, jingoísmo, patriotismo "dinâmico", chauvinismo, patriotismo "ortodoxo" (Nelson Rodrigues e Dunga) e ufanismo. Os textos produzidos pelos estudantes também servem como base para esta avaliação.

Consultoria Carlos Eduardo Matos
Jornalista e editor de livros didáticos e paradidáticos.



http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/patriotismo-nacionalismo-577927.shtml