sábado, 20 de abril de 2013


Educação em debate

20/04 a 26/04/2013

As principais notícias da área comentadas pela redação de NOVA ESCOLA



Destaque da semana

Marcelino: "Precisamos investir mais em Educação"
Marcelino: "Temos de fazer investimentos pesados para superar os déficits acumulados"
Para o professor da Universidade de São Paulo e especialista em financiamento da Educação, não tem sentido comparar o investimento de países com históricos e conjunturas diferentes. Melhor do que isso é encarar os aspectos que atravancam nosso crescimento
O investimento em Educação praticado por Brasil e Coreia do Sul é parecido: em torno de 5% e 6%. Apesar disso, os resultados em avaliações internacionais são muito diferentes. Essa comparação, apesar de comum, não se justifica. Entre os principais motivos listados pelo texto "Por que é preciso investir mais em Educação?", publicado na edição de abril de NOVA ESCOLA, está à existência de déficits no sistema educacional já superados há décadas pelos coreanos.
A receita para superar essas deficiências: mais recursos e gestão eficiente. Nesta entrevista, José Marcelino de Rezende Pinto, professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP) e especialista em Financiamento da Educação, avalia os gargalos do nosso sistema educacional e sugere alguns caminhos para resolvê-los. Explica porque não é adequado fazer comparações com a situação de Coréia do Sul ou Finlândia, e aponta problemas na estrutura que envolve a gestão escolar, o modo de utilizar as verbas voltadas ao setor, um déficit histórico com creches e Ensino Superior e ainda as desigualdades na Educação do país.

É válido relacionar o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) investido por diferentes países em Educação e os resultados de avaliações, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa)?
JOSÉ MARCELINO REZENDE PINTO Não é adequado fazer comparações como essa e indicar o investimento como único determinante para o desempenho escolar dos estudantes. Por um lado, é necessário comparar os gastos de diferentes países por critérios mais adequados, que considerem fatores como as dimensões do país e o tamanho de sua economia. Por outro, precisamos entender que tanto esses índices econômicos quanto as avaliações externas não consideram o contexto local. Um dos poucos consensos de todos os estudos da área de avaliação é que os resultados refletem o capital cultural de cada família, como a escolaridade dos pais. Por isso é necessário considerar que na nota do Pisa o fator de desigualdade socioeconômica está presente, o que dificulta comparações.

Mas qual o papel do investimento para influenciar na qualidade da Educação?
REZENDE PINTO O investimento é essencial. Mesmo os países que já têm sistemas educacionais consolidados, ou seja, que não possuem déficits grandes como o Brasil, continuam fazendo um esforço grande. Isso é provado quando vemos o valor de investimento anual por aluno e também quando pensamos o volume de recursos em relação ao PIB per capita. Esses países sabem que uma Educação boa tem seu custo e que ele não é baixo. Mesmo países cuja economia não é tão forte quanto à brasileira, colocam a Educação como prioridade em seus orçamentos. Isso ainda não acontece conosco, infelizmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário