quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

As principais dúvidas sobre Educação Sexual


O que falar sobre DSTs – de um jeito não chato

Estratégias para incentivar o uso da camisinha

Quatro tabus para derrubar ao falar sobre camisinha

Quando o tema é camisinha, a pergunta dos professores é quase sempre a mesma: por que os jovens, mesmo sabendo dos riscos e com tanto acesso à informação, não usam preservativo?
Esta questão também me intrigou durante muito tempo. Mas a verdade é que eles usam – ou melhor, dizem usar, o que é uma grande diferença… Ainda assim, essa é a população que mais utiliza a camisinha, se compararmos aos indivíduos das demais faixas etárias, como aponta a última Pesquisa de Comportamento, Atitudes e Práticas Sexuais, realizada pelo Ministério da Saúde com pessoas de 15 a 64 anos de idade de todo o país. (acesse a pesquisa completa aqui).
Em teoria, praticamente todos os jovens seriam adeptos do sexo seguro. Nesta pesquisa, 97% dos entrevistados entre 15 e 24 anos responderam que a camisinha é a melhor maneira de se prevenir contra a Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Contudo, na prática, o preservativo não entra na cama com naturalidade e a prova disso é que aumentou o número de jovens que não usam preservativo durante as relações sexuais, conforme indica a pesquisa Este Jovem Brasileiro (acesse a pesquisa completa aqui).
Segundo esse levantamento, em 2006, 78% dos jovens tinham usado camisinha na primeira relação sexual e 61% diziam usá-la sempre, enquanto em 2013, esses números caíram para 71% e 54%, respectivamente. Quando o relacionamento é com um parceiro fixo, a pesquisa do Ministério da Saúde identificou que apenas 30% dos casais mantêm o uso da camisinha como um comportamento de rotina em suas relações sexuais. E isso é muito preocupante!
Mas, voltando à pergunta inicial, hoje tenho uma opinião formada sobre isso: usar a camisinha exige coragem! Pensando bem, é mais do que isso. Usar camisinha significa um ato de “rebeldia responsável” contra a nossa cultura e valores sexuais.
Acompanhem o meu pensamento… O simples ato de vestir o preservativo, masculino ou feminino, envolve uma série de tabus, preconceitos e julgamentos morais cultivados ao longo dos tempos nas sociedades e que podem colocar em risco o relacionamento, a masculinidade e a honra de quem usa camisinha. É por isso que eu faço questão de explorar neste post essas dificuldades para que a gente entenda o lado do adolescente e possa encontrar meios de fortalecer o seu comportamento responsável.

O que dificulta a prevenção

Uma pesquisa interessante (veja aqui) levantou alguns tabus muito difundidos e que quero detalhar para vocês.

1.  Sexo não é coisa de adolescente

Por que é um tabu: Apesar de tantas pesquisas mostrarem que meninos e meninas iniciam sua vida sexual por volta dos 14 anos, nós, adultos, ainda queremos acreditar que isso não seja verdade. O resultado desse comportamento é a vergonha, medo e desconfiança por parte dos adolescentes em pegar o preservativo no serviço de saúde ou mesmo comprá-lo na farmácia, conforme citam 31,6% dos jovens entrevistados. Para eles, é constrangedor perceber o olhar de reprovação do adulto. Isso quando não recebem “conselhos” de profissionais de saúde para desencorajar a atividade sexual.

2.  Quem ama confia

Por que é um tabu: Este valor, às vezes tão cultuado por alguns grupos, funciona como uma espécie de sabotagem à prevenção. Isto fica bem evidente se observarmos que 40% dos jovens ouvidos nesta pesquisa disseram não ser necessário usar o preservativo quando se está em um relacionamento estável. Esse comportamento faz com que 33% afirmem que desconfiariam do parceiro (de sua fidelidade ou de estarem infectados por HIV ou outra DST), se ele ou ela pedissem para usar camisinha. Destes, 20% ainda foram mais longe e disseram que ficariam com raiva caso ouvissem essa proposta.

3.  Ser homem é correr riscos

Por que é um tabu: Esta ideia faz parte da construção do que é ser masculino. Agora, imaginem um garoto que não sabe como colocar a camisinha, ou ainda não adquiriu a habilidade para colocá-la, e que vai ter uma relação sexual com uma garota que, em geral, pertence ao seu grupo de amigos. Para manter sua imagem viril – e ocultar sua insegurança – ele irá preferir arriscar e abrir mão da camisinha. Isso também explica o número elevado de jovens que iniciam sua vida sexual sem fazer sexo seguro ou não usam preservativos em todas as relações sexuais.

4.  Garota que carrega camisinha é “galinha”

Por que é um tabu: Embora muitos jovens já concordem que as meninas também tenham o direito de solicitar o uso do preservativo e tomar a iniciativa da prevenção, o preconceito sobre o comportamento sexual feminino ainda é grande. Prova disso é que 50% dos entrevistados ouvidos pela pesquisa disseram que uma garota que carrega camisinha na bolsa não é uma “menina para casar”. Este julgamento moral é outro fator que contribui para o descaso com a prevenção.
Esses dados revelam que o preconceito e alguns comportamentos sociais mais arraigados em nossa sociedade representam grandes barreiras ao sexo seguro, mesmo que exista amplo acesso à informação e aos métodos preventivos. É importante que nós, educadores, estimulemos algumas atitudes simples em nossos alunos por meio de conversas sobre essas questões. Entre elas, há duas que quero compartilhar com vocês no próximo post: a habilidade do garoto e da garota para colocar a camisinha e a conscientização de que quando se trata de DST/Aids, as mulheres, principalmente, não podem se descuidar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário