Olimpíadas
de 2016: um legado para o Brasil?
Revisite
com seus alunos os Jogos Olímpicos de Barcelona (1992), Sidney (2000), Atenas
(2004), Pequim (2008) e Londres (2012). Reflitam sobre seus legados e proponha
uma argumentação sobre o que as Olimpíadas de 2016 poderão trazer de positivo e
negativo.
1ª
etapa
A partir da leitura da entrevista de VEJA com o
presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, "A bola
agora está com ele", inicie a aula trazendo um panorama histórico dos
Jogos Olímpicos no mundo. Utilize como base as etapas 1 e 2 do plano de aula Relações entre política e
Olimpíadas. Leve os alunos a refletirem sobre a simbologia que um
evento internacional desse porte representou desde a Grécia Antiga à
contemporaneidade.
2ª etapa
As
Olimpíadas e suas implicações
Em seguida, traga questionamentos sobre suas
implicações culturais, políticas, sociais e estruturais:
·
O que
os Jogos Olímpicos significam? Sempre tiveram os mesmos simbolismos?
·
Como
esse evento foi utilizado como espaço de protesto e reivindicação em sua
história?
·
Qual a
importância das Olimpíadas para o esporte nacional e no mundo?
·
E para
as trocas culturais entre as diversas nações? De que forma acontecem?
·
Qual a
herança em desenvolvimento urbano para as cidades-sede da Copa?
Auxilie os alunos a apontar exemplos na história. Se
for possível, peça que procurem na internet e levem para debater com a classe o
que encontraram. Anote no quadro os principais pontos levantados pela turma.
3ª etapa
Legado
na história
Após essa primeira discussão, explique aos alunos que
todo evento desse porte precisa ser preparado com antecedência e deve ser
planejado de forma a deixar um legado para a cidade que o recebe. Nesse
momento, utilize a apresentação de slides abaixo para explicar os principais
legados dos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992), Sidney (2000), Atenas (2004),
Pequim (2008) e Londres (2012).
4ª
etapa
A
gentrificação
A partir da leitura do artigo "O Legado
Olímpico no Leste de Londres: Desapropriação e Gentrificação",
do site Rio on Watch, explique para seus alunos o conceito de
"gentrificação". De acordo com artigo na Wikipédia,
baseado em diversas referências bibliográficas,
"Chama-se
gentrificação, uma tradução literal do inglês "gentrification", que
não consta nos dicionários de português, o fenômeno que afeta uma região ou
bairro pela alteração das dinâmicas da composição do local, tal como novos
pontos comerciais ou construção de novos edifícios, valorizando a região e
afetando a população de baixa renda local. Tal valorização é seguida de um
aumento de custos de bens e serviços, dificultando a permanência de antigos
moradores de renda insuficiente para sua manutenção no local cuja realidade foi
alterada. O termo gentrification - deriva de "gentry", que que por
sua vez deriva do Francês arcaico "genterise" que significa "de
origem gentil, nobre" -, entende-se também a reestruturação de espaços
urbanos residenciais e de comércio independentes com novos empreendimentos
prediais e de grande comércio, ou seja, causando a substituição de pequenas
lojas e antigas residências."
5ª
etapa
Comparando as cidades-sede
Comparando as cidades-sede
Em seguida, com base nessa discussão e na leitura dos
artigos "Olimpíadas: o legado de Barcelona, a
experiência de Londres e as perspectivas para o Rio de Janeiro",
do Urban Systems, e "Sidney e Beijing: lições para o Rio
Olímpico?", do Observatório das Metrópoles. Peça aos alunos
para apontarem os argumentos de cada um dos artigos que mostram o legado para
os países e o que poderia ser aprendido com essa experiência para os Jogos
Olímpicos no Rio de Janeiro. Eles devem destacar os seguintes trechos:
Olimpíadas: o legado de Barcelona, a experiência de Londres e as perspectivas para o Rio de Janeiro
Barcelona sabe lidar com mudanças urbanas. A cidade
tem origens que datam do século 15 a.C. e nunca parou de crescer e de se
reinventar. Mas mudanças realmente notáveis aconteceram por ocasião dos Jogos
Olímpicos de 1992.
Um exemplo: a cidade litorânea finalmente passou a
permitir que moradores e turistas desfrutassem de suas praias. A construção da
vila olímpica e de um novo porto deram início à recuperação da costa, antes
degradada. Além disso, houve a revitalização dos bairros baseada em novas áreas
de centralidade, foram construídos novos eixos viários que desafogaram o
trânsito, o aeroporto de Barcelona cresceu e se modernizou, novos hotéis
chegaram e a cidade entrou no mapa turístico mundial.
Londres, sede das Olimpíadas de 2012, também
aproveitou a ocasião para regenerar de forma social, ambiental e física de uma
de suas últimas reservas de terrenos: uma área industrial abandonada e
degradada no distrito de Stratford, região leste da capital.
A transformação começou com a descontaminação dos
terrenos, a maior operação desse tipo já realizada no Reino Unido. Quatro anos
de trabalho e R$ 230 milhões foram investidos na limpeza de 2 milhões de
toneladas de solo contaminado por resíduos tóxicos.
Houve ainda cuidado com a reutilização da
infraestrutura esportiva - há arenas que podem ser totalmente transportadas
para outras cidades - , a construção de uma nova estação de trens e metrô que
facilitou a mobilidade da comunidade.
Essas cidades mostram que é possível deter o
crescimento físico desordenado das cidades sem interferir no crescimento
urbano. Ensinam que é possível sim intensificar o desenvolvimento sustentável e
equilibrado das centralidades urbanas, requalificando estes espaços com
vocações híbridas focadas em manter uma qualidade de vida favorecida por uma
menor mobilidade urbana.
Sidney
e Beijing: lições para o Rio Olímpico?
Sydney e Beijing expressam em seus planos diretores
sua preocupação com a expansão urbana desordenada: Sydney, com ocupação
residencial de baixa densidade, sendo a tipologia predominante os lotes unifamiliares;
e Beijing, apesar de densidades mais altas nas áreas periféricas, a
configuração ocorre de forma fragmentada com usos conflitantes (industrial,
residencial, agrícola convivendo lado a lado).
Apesar disso, o principal processo de mudança ocorrido
no período que antecedeu os JO para as duas cidades-sede foi a conquista de
mais autonomia em relação aos níveis governamentais superiores.
De acordo com Yumi Yamawaka, em Sydney e em Beijing os
JO impactaram na atração de investimentos à cidade, na atração de turistas e
novos residentes - e na consequente expulsão de outros, principalmente
imigrantes. Conforme Poynter (2008), os JO beneficiam apenas algumas parcelas
da população e a forma como são planejadas as intervenções e as políticas
determinam qual será esse público. O que ocorreu nas duas cidades foi o
favorecimento de grupos econômicos dominantes que impõem o estabelecimento de
regras que defendam seus interesses facilitados pelo "estado de
exceção" vigente. Nas duas cidades, houve o agravamento das diferenças
sociais, sendo que a população mais pobre ficou à margem do evento.
O que pode ser constatado em ambos os estudos de caso,
foi que o processo de planejamento da cidade para os JO foi realizado sem
participação popular. (...) "Portanto, a conquista do direito de sediar os
JO não garante necessariamente o engajamento da sociedade local. Em termos
físicos as duas experiências demonstram a dificuldade de tornar as estruturas
esportivas em espaços frequentados depois dos JO, financeiramente autossuficientes
e que promovam a integração com o entorno. No entanto, Beijing, que
paralelamente direcionou seus investimentos na expansão do transporte
metroferroviário, obteve maior êxito na consolidação de seu plano".
6ª
etapa
E o Rio
de Janeiro?
Depois, leiam juntos o último slide da apresentação,
que trata dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, previstos para 2016. Leve
questionamentos para a turma e anote no quadro os principais pontos levantados:
- Houve participação da população nos processos decisórios para a vinda das Olimpíadas para o Rio de Janeiro? E no planejamento?
- Há expansão das estruturas viárias da cidade? Elas atendem somente às necessidades dos Jogos ou são pensadas para a posteridade?
- As obras estão sendo focalizadas na construção de novos eixos viários e no desenvolvimento de diversas regiões ou são centralizadas?
- Estão sendo realizadas obras de revitalização em algumas áreas da cidade? Pode-se dizer que acontece um processo de gentrificação? Por quê?
- Quais são as construções e reformas do aparelhamento esportivo? São construídas em regiões que favoreçam seu desenvolvimento? São sustentáveis?
- E os gastos? Há transparência na gestão? São condizentes com as propostas?
7ª
etapa
Resumindo
Conceituação e revisão histórica sobre os Jogos
Olímpicos no mundo
Análise de suas implicações e simbologias
Aprendizado sobre o legado das Olimpíadas em 5 cidades
Compreensão dos aspectos políticos e sociais
envolvidos
Conceituação do processo de "gentrificação"
Análise comparativa sobre os legados positivo e
negativo de algumas cidades que receberam as Olimpíadas
Reflexão sobre a preparação dos Jogos Olímpicos no Rio
de Janeiro
Avaliação
Com base nas discussões realizadas em sala de aula e
nos pontos levantados na última etapa, peça aos alunos para redigirem um texto
argumentativo, que responda à pergunta: "As Olimpíadas de 2016 trarão um
legado positivo para o Rio de Janeiro?".
Ao analisar a redação, considere o que os alunos
aprenderam sobre a história dos Jogos Olímpicos e seus significados e
implicações. Verifique se os alunos conseguem comparar com razoabilidade as
diversas situações apresentadas e a presença de referências sobre atualidades
em seus textos. Avalie também a capacidade de articulação das ideias abordadas
sob forma de argumentação.
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/olimpiadas-legado-rio-janeiro-792726.shtml
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