E-mail como exploração dos recursos linguísticos na internet
Objetivo(s)
Analisar as características da escrita e
da linguagem na internet
Conteúdo(s)
Linguagem utilizada na internet
Ano(s)
1º
2º
3º
Material necessário
Reportagem
da Veja:
Cópias da reportagem "A Conselheira do Desapego"
(VEJA 2389, 3 de setembro de 2014), disponível no Acervo Digital a partir de
05/09/2014.
Cópias da reportagem Aki a gente tah em ksa!
Cópias da reportagem É possível calcular quantas
palavras surgem por dia na língua portuguesa?
Dicionário Comum
Dicionário de Linguística
Gramática da Língua Portuguesa
Desenvolvimento
1ª etapa
Introdução
Pode interromper o primeiro download se
você nunca recebeu um e-mail com frases repletas de abreviações e neologismos
do tipo flw, blz, naum, bj, hj e [ ]s. O que será que aconteceu com a linguagem
dos jovens? Eles estão escrevendo errado - se obedecermos ao pé das letras às
regra gramaticais - ou a pressa e a criatividade exigidas em comunicadores
instantâneos, chats, blogs, fotologs e uma infinidade de outros espaços
virtuais transformam os internautas em artífices das palavras? De acordo com a
reportagem de VEJA ESPECIAL, aqueles que navegam pela rede mundial de
computadores vem adaptando e tornando cada vez mais ágeis e divertidos os
códigos on-line. Os puristas da língua, portanto, podem respirar aliviados: o
bloguês está longe de ser errado. A reportagem "A Conselheira do
Desapego" apresenta como alguns blogs e microblogs têm se destacado não só
no mundo online, como vem ganhando publicações em papel, inspirados pelo
conteúdo postado diariamente na internet. Já os textos de "Aki a gente tah
em ksa!" e "É possível calcular quantas palavras surgem por dia na
língua portuguesa?" desafiam os estudantes a analisarem esse universo linguístico
que eles mesmos criaram.
Reserve um horário no laboratório de
Informática. Organize os alunos em grupos e proponha que visitem vários blogs.
Revise os principais conceitos relacionados aos diários virtuais (a aula
indicada no final deste roteiro pode servir de subsídio).
2ª etapa
Oriente a leitura da reportagem e
destaque a interação criada pela internet entre os personagens retratados.
Ajude os adolescentes a perceber como numa sociedade cada vez mais fechada não
há mais tempo para falar, discutir, ouvir e partilhar. O blog, portanto,
funciona como um veículo para se mostrar, pensar, rir, chorar - e ouvir o outro
por meio do feedback. Ressalte essa relação e encaminhe uma segunda rodada de
navegação pelos diários on-line.
Encarregue os adolescentes de enumerar
as principais características dos endereços visitados e ajude-os a notar que
eles acabaram fazendo uma pesquisa qualitativa. Revele que o principal objetivo
dessa atividade é apontar os campos semânticos dos posts e analisar o discurso
empregado pelos autores das narrativas. Caso julgue pertinente, inclua na
discussão algumas questões de lexicologia - tema que geralmente passa ao largo
dos conteúdos programáticos durante as reflexões linguísticas.
3ª etapa
Sugira que cada equipe se atenha aos
textos dos blogs. Discuta o papel interativo da ferramenta e a necessidade
desse tipo de manifestação humana. Peça, em seguida, que os jovens investiguem
o blogging como forma de comunicação pessoal e veículo divulgador de interesses
específicos. Conte como levantar hipóteses sobre o corpus linguístico examinado.
Quais são as intenções das linguagens verbal e não verbal nesses endereços?
Explore a diversidade dos conteúdos e evidencie as temáticas mais presentes.
Algumas delas são mostradas nos desenhos que ilustram este plano de aula.
Ensine que um blog trata, principalmente, de:
·
modelagem política e social;
·
uso como diário de vida pessoal;
·
conteúdo reafirmador da existência;
·
apresentação de pontos de vista sobre o mundo e as coisas;
·
interesse em criar comunidades;
·
realizar catarse; e
·
fazer uso literário ou poético.
Fale também sobre a especificidade da
audiência, ou seja, os leitores que frequentam os blogs constantemente e ali
deixam comentários. Lembre que tais textos reforçam a intencionalidade original
de estabelecer comunicação.
4ª etapa
Dê a cada grupo a incumbência de
levantar um conjunto linguístico capaz de revelar, pelas relações de sentido
presentes nos textos verbais e visuais dos blogs, o campo semântico em que elas
atuam. Analise a forma (morfológico-lexical), o sentido (semântico) e a
distribuição (interface léxico-sintática) dos textos. Ensine que entre as
formas encontradas no discurso em cada categoria de blog e a nomenclatura
empregada pelos internautas há um abismo tão significativo que até o dicionário
se torna um objeto decepcionante.
Avaliação
Explore o Pequeno Dicionário de Bloguês,
incluído no final da reportagem de Aki a gente tah em ksa!,
e pergunte que outros verbetes a classe acrescentaria. Diga o que são redes
semânticas e estimule os alunos a criarem uma. Peça que cada grupo componha e
explique os subconjuntos vocabulares trabalhados. Faça com que todos percebam a
frequência de uso de certas estruturas e incentive a descoberta da
intencionalidade de cada texto nos diários virtuais. Se achar pertinente,
instigue reflexões linguísticas sobre questões de lexicologia. Conte que o
léxico de uma língua é potencialmente infinito e não se restringe ao estudo dos
vocábulos atestados. Ele inclui os "atestáveis". Lance mão dos
dicionários e da gramática e esclareça as eventuais dúvidas relacionadas a
esses termos. Ressalte os discursos em bloguês e leve os estudantes a examinar
a construção interna (forma) das palavras (unidades de uso) desse pretenso
idioma. Peça que todos verifiquem o processo de formação das palavras e
examinem atentamente o aspecto complementar da morfologia. Os vocábulos
analisados mantêm indicadores de tempo, pessoa, modo, gênero, conjugação etc.?
Há alguma tendência à preservação exclusiva do lexema, com perda dos morfemas
gramaticais flexionais e derivacionais?
Há uma certa regularidade nos
procedimentos de alteração dos vocábulos? Discuta se é possível definir o
sentido lexical do bloguês, essa espécie de nova versão da língua portuguesa.
Lance outras questões. Pergunte como podemos desenvolver a representação física
dos novos termos. É possível estruturar o léxico e a função das relações
semânticas desse código recém-criado? A nova estrutura linguística obedece a regras
mais ou menos fixas? Será que ela atende ao princípio de uma economia de tempo,
movimentos e digitação? Ou as alterações no plano da escrita são motivadas
pelos mesmos critérios que tornam a fala e a redação elementos separados? Há
empréstimo linguístico no bloguês? Em caso positivo, ele é predominantemente
ligado a qual idioma? Convide o professor de Língua Estrangeira a falar sobre
os empréstimos da língua de Shakespeare com a popularização do uso do
computador. No caso específico dos blogs, é possível compor um vocabulário
próprio para manejar o recurso? Revele os cruzamentos e as transplantações
culturais escondidos em adoções de termos como blog, blogueiro, bloghost,
blogosfera, blogroll, fotolog, moblog, blortal, videoblog etc. Por fim, sugira
mais uma reflexão: escrever é resultado de vocabulário amplo ou é necessário
dominar estruturas, discernir e estabelecer relações lógicas? Como podemos
situar um blog nesse contexto?
http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/e-mail-como-exploracao-dos-recursos-linguisticos-na-internet
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