quarta-feira, 8 de maio de 2013


Combinado para o uso do celular durante a aula
Os adolescentes estão o tempo todo conectados e a maioria se recusa a abandonar o celular enquanto está na escola. Não marginalize o uso do aparelho! Saiba como formular, junto dos alunos, um acordo para o uso do telefone em sala de aula


Objetivos
Ø     Refletir sobre a necessidade das normas e os procedimentos de legitimação que devem propiciar ao sujeito o respeito por si próprio e pelo outro
Ø     Discutir o uso do celular em sala de aula
Ø     Vivenciar uma assembleia de classe
Ø     Criar coletivamente regras sobre o uso do celular em sala de aula

Conteúdos
Ø     Ambiente cooperativo 
Ø     Criação de regras 

Anos                           Ensino Médio

Tempo estimado           4 aulas

Materiais necessários
Ø     Cartolina e caneta para a divulgação  do combinado (ou computador e impressora caso a turma prefira digitar o texto)
Obs: para a realização da assembleia as carteiras precisam ser dispostas em um círculo, para que todos possam se olhar.

Introdução
O compromisso com a construção da autonomia pede uma prática educacional engajada com a compreensão do desenvolvimento do aluno e a aquisição do conhecimento. Para alcançar esse objetivo, segundo alguns estudos, é necessário uma educação que garanta a vivência da cooperação. 
É preciso lembrar sempre que o papel do educador não é somente ensinar os conteúdos escolares, mas também dar condições para que os alunos aprendam. O desenvolvimento de cada um pode ser rápido ou lento, dependendo do ambiente. Por isso podemos dizer que a inteligência e o desenvolvimento socioafetivo de uma pessoa adulta dependem muito do que lhe foi oferecido durante sua formação, daí a necessidade de interagir com estímulos desafiadores. Considerando esses pontos, este plano de aula propõe uma reflexão coletiva sobre o uso do celular em sala de aula com as turmas do Ensino Médio. O objetivo é trabalhar as características de um ambiente escolar cooperativo e democrático, que seja favorável à autonomia intelectual e moral.

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Desenvolvimento
1ª etapa 
Comece propondo uma conversa sobre o uso do celular na escola, especialmente na sala de aula. A conversa precisa ser aberta para que os alunos se sintam à vontade para expor que pensam. Estimule os estudantes a apresentarem seus pontos de vista. Se a escola tem uma regra específica sobre isso, ou se há uma lei que proíbe o uso do aparelho (como no Estado de São Paulo), discuta o que pensam a respeito da regra e o porquê. Finalize pedindo que os adolescentes pesquisem como o Brasil e outros países lidam com o uso do celular na escola e peça que tragam os resultados das pesquisas para a próxima etapa. 

2ª etapa 
A partir do material que os adolescentes trouxeram, organize grupos de quatro a cinco pessoas. Os alunos deverão compartilhar seus achados e organizar um texto. Cada grupo pode escolher a forma como achar mais conveniente socializar essa produção, inclusive via celular se eles assim preferirem. Após a escrita, peça que os alunos dividam suas impressões. Faça a mediação desse momento, mas sem emitir sua opinião ou fazer julgamentos. Esse é um momento de análise dos alunos.

3ª etapa 
Discuta com a turma o que é uma assembleia de classe (caso a escola não use esse recurso como uma prática). As assembleias destinam-se a um momento escolar organizado para que os membros da instituição discutam com o objetivo de melhorar a convivência e outros problemas vividos no lugar.
Lembre que o trabalho com as regras na escola é um aspecto pertinente a toda comunidade escolar, pois trata do bem estar de todos. A assembleia permite que os alunos participem em muitas situações da tomada de decisões e se sintam realmente parte desse ambiente. É preciso alguns cuidados ao discutir e criar as normas: 
Ø     as regras não devem referir-se ao bem-estar de uma minoria, mas sim de uma maioria; 
Ø     é preciso evitar regras de respeito unilateral (não combinar: respeitar o professor, os funcionários... e sim, respeitar as pessoas);
Ø     uma regra não pode ferir uma lei;
Ø     é importante ter a clareza que, quanto mais liberdade, mais responsabilidade se atribui aos alunos. 
Há quatro mecanismos que devem ser utilizados ao se discutir com o grupo os temas que precisam ser refletidos: pensar nas causas; pensar se as soluções atuam nas causas; analisar cada solução e verificar se os princípios são respeitados. 

4ª etapa 
Chegou o momento de todos decidirem, em uma assembleia, sobre o uso de aparelhos celulares na sala de aula. 
Eleja com a turma (de forma democrática) os alunos que coordenarão as discussões, sendo que um anota a ordem da palavra e o outro organiza a ata que sistematiza as reuniões. Você, professor, atua como mediador. Por isso, não esqueça de favorecer reflexões pautadas em princípios de justiça e equidade. 
Ao final, é possível elaborar um cartaz ou mesmo digitalizar um texto com a ata, informando a comunidade escolar sobre como o tema foi discutido e quais regras foram propostas. As regras criadas precisam ser claras sobre, por exemplo, o momento que os celulares atrapalham o andamento de uma aula, quando odem ser utilizados como um recurso didático da própria aula e como os professores e alunos organizarão o uso do celular, entre outros itens. 

Avaliação 
Peça aos estudantes que escrevam uma autoavaliação desta sequência didática. Você pode listar algumas perguntas, como:
Ø De que maneira você participou das atividades? 
Ø Quais contribuições das discussões para sua compreensão do tema proposto? 
Ø A organização de regras sobre o uso do celular foi feita de forma democrática? 
Ø Você gostaria de sugerir temas para a próxima assembleia?

Quer saber mais?
A organização das regras e assembleias em sala de aula: obedecer à autoridade ou aos princípios? RAMOS, A.M.; WREGE, M.G.; VICENTIN, V.F. In: É possível superar a violência na escola? TOGNETTA, L.R.P.; VINHA, T.P.(orgs). São Paulo: Editora do Brasil, 2012.

Adriana de Melo Ramos
Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (campus Rio Claro) e coordenadora geral dos cursos de pós-graduação da Universidade de Franca (Unifran)

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