quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Ainda existe machismo em nossa sociedade?

Estimule a turma a refletir sobre o conceito de gênero e identificar desigualdades entre homens e mulheres em nossa sociedade

Objetivos
- Compreender a desigualdade na construção social de gênero
- Identificar fatores que expressam a desigualdade social no Brasil

Conteúdos
Análises sobre a dimensão social e política das identidades e relações de gênero

Anos                               Ensino Médio

Tempo estimado                         4 aulas

Material necessário
- Crônica "É menina", escrita por Gregório Duvivier para a Folha de S. Paulo:
- Cópias da reportagem "Lugar de mulher não é na cozinha" (Veja 2357, 29 de janeiro de 2014)
- Vídeo "Seu comportamento cria seu gênero", com uma fala da filósofa Judith Butler, disponível no Youtube
- Artigo "Determinismos", disponível no site ComCiência - Revista Eletrônica de Jornalismo Científico (SBPC/Labjor)
- Projetor para a exibição do vídeo "Seu comportamento cria seu gênero" e para as apresentações dos resultados do trabalho de investigação da 4º etapa da sequência didática
- Computadores com acesso à internet para o trabalho de investigação da 4ª etapa da sequência didática

Desenvolvimento
1ª etapa 
Peça para que os alunos se reúnam em trios e leiam a reportagem "Lugar de mulher não é na cozinha", publicada pela revista Veja. Entregue aos grupos a seguinte lista de atributos: força, vaidade, racionalidade, liderança. 
Os grupos deverão identificar:
a)     ao menos um enunciado presente no texto que faça menção a cada uma das qualidades indicadas na lista;
b)    a que gênero (masculino ou feminino) a reportagem atribui as características elencadas.
Retome o agrupamento de sala inteira. Peça para que os grupos socializem os resultados das análises. Sistematize esses resultados na lousa e, a partir deles, explore as seguintes questões com a classe:
Como a nossa sociedade avalia que deve se dar o comportamento feminino e o comportamento masculino?
 Vocês acreditam que esses comportamentos têm origem na natureza ou são construções sociais?
Até que ponto as relações entre homens e mulheres são desiguais, mediadas por relações de poder?

2ª etapa
Com a classe, leia a crônica "É menina", escrita por Gregório Duvivier para o jornal Folha de S. Paulo. Discuta com o grupo as intenções e estratégias do texto. Oriente a discussão a partir das seguintes questões:
·       O que o autor quer nos revelar sobre a feminilidade?
·       O comportamento das meninas e mulheres seria fruto de que fatores?
·       Como se dá a construção do "ser menina" em nossa sociedade?
Exiba o vídeo "Seu comportamento cria seu gênero", que apresenta uma fala da filósofa Judith Butler. Antes de iniciar a projeção, oriente os alunos a prestar atenção na diferença construída por Butler entre os conceitos de "gênero performático" e "gênero performativo". Se necessário, exiba o vídeo mais de uma vez.
Depois da projeção, peça para que os alunos se reúnam em duplas e discutam a diferença entre afirmar que o gênero é performático e performativo. Peça para que as duplas registrem as conclusões e/ou dúvidas no caderno e, em seguida, socializem seus registros com a classe. 

3ª etapa
Retome e sistematize o conceito de "gênero performativo", de Judith Butler, a partir das impressões e dúvidas apresentadas pelos alunos. 
Faça uma exposição problematizando a noção de que o gênero é biologicamente determinado. Discuta as limitações de se tomar os fatores naturais (variáveis genéticas, anatômicas, fisiológicas, entre outras) como a principal causa do comportamento humano. 
A intenção dessa exposição é não apenas destacar o lugar ocupado pelo processo de endoculturação na formação da conduta do ser humano, mas, principalmente, alertar os alunos para as consequências políticas de se tomar essa conduta como sendo "natural" e, consequentemente, "imutável". 
Destaque que as identidades e relações de gênero são cultural e historicamente produzidas, expressando, portanto, as relações de poder das sociedades que as cria.
Para organizar sua exposição, você pode usar como referência os artigos publicados no dossiê "Determinismos", da ComCiência - Revista Eletrônica de Jornalismo Científico (SBPC/Labjor) .

4ª etapa
Reúna a sala em 5 grupos, procurando manter um número equilibrado de meninos e meninas em cada um deles.
Convide os alunos a retomar o trecho da reportagem "Lugar de mulher não é na cozinha" (revista Veja) em que a chef Taís Bulgareli reclama das cantadas recebidas de clientes. Peça para que os grupos discutam rapidamente (por aproximadamente 5 minutos) a seguinte questão: cantadas são um elogio ou uma forma de assédio machista?
Em seguida, leve os alunos para a sala de informática. Explique que cada grupo terá uma tarefa de investigação diferente.
Grupo
Título
Fonte
1
A partir dos dados gerados pela campanha Chega de Fiu Fiu, explique porque as cantadas na rua podem ser consideradas uma forma de assédio sexual.
2
Explique os argumentos usados pela antropóloga Heloísa Buarque de Almeida e pela jornalista Karin Huek para analisar a recorrência das cantadas de rua.
3
 Explique a diferença entre a paquera e cantada-assédio, segundo a antropóloga Heloísa Buarque de Almeida e a militante Thandara Santos. Explique porque, de acordo com as militantes feministas, muitas mulheres tomam a cantada como elogio.
4
 Apresente e explique as estratégias de combate ao assédio sexual na rua defendidas pela antropóloga Heloísa Buarque de Almeida e pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.
5
 Explique de que maneira o vídeo Dekh Le (Whistling Woods International, dezembro de 2013) pode ajudar os homens a repensarem suas atitudes em relação ao problema em questão.
vídeo "Dekh Le"

A partir das propostas específicas, os grupos deverão organizar uma curta apresentação (com duração entre 5 e 10 minutos) para a classe. As exposições, que acontecerão na aula seguinte, devem ser amparadas por um Powerpoint em que os grupos apresentem:
a)     a questão que norteou (ou as questões que nortearam) a tarefa desenvolvida;
b)    a conclusão construída. 
É interessante que o 5º grupo apresente para a classe o vídeo que é objeto de sua análise. 
Antes do início das exposições, oriente os alunos acerca da maneira como devem se portar enquanto assistem às apresentações dos colegas. Atente-os para a importância de se fazer anotações no caderno sobre os dados/argumentos/análises apresentados e discutidos pelos expositores. A consulta a esse material será fundamental para a realização da última etapa do trabalho.

5ª etapa 
Peça para que os alunos escrevam, em casa, um texto de opinião em que respondam à questão: Ainda existe machismo no Brasil?
Para realizar a tarefa, os alunos deverão consultar o material visto ou produzido ao longo da sequência didática (textos e anotações no caderno). De modo a ajudar na construção do recorte do texto, sugira que os alunos escolham um dos seguintes enfoques:
• Estereótipos de gênero
• As consequências da naturalização das identidades de gênero
• Cantadas: paquera ou assédio?

Avaliação
Avalie se durante a 2ª e a 3ª etapas de trabalho os alunos são capazes de compreender e de se apropriar da noção de que o gênero é a resultado de uma construção social. Essa avaliação poderá ser feita a partir das discussões geradas tanto pela atividade referente ao vídeo de Judith Butler, quanto por sua exposição oral.
Na 4ª etapa, você deve julgar se os grupos foram capazes de entender e de comunicar os dados, argumentos e análises que discutem as cantadas de rua como forma de assédio moral e sexual. Por fim, na 5ª etapa, você deve analisar se os alunos conseguem identificar as relações de poder que configuram as relações de gênero, compreendendo o funcionamento de alguns mecanismos que dão forma e expressam a desigualdade entre homens e mulheres.

Consultoria Cristina Maher
Antropóloga e professora de Sociologia e Filosofia do Ensino Médio da Escola da Vila, em São Paulo (SP)


http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/plano-aula-ainda-existe-machismo-nossa-sociedade-771605.shtml

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