Educação em debate
20/04 a
26/04/2013
As principais
notícias da área comentadas pela redação de NOVA ESCOLA
Destaque da semana
Marcelino: "Precisamos investir mais em
Educação"
Marcelino: "Temos
de fazer investimentos pesados para superar os déficits acumulados"
Para o
professor da Universidade de São Paulo e especialista em financiamento da
Educação, não tem sentido comparar o investimento de países com históricos e
conjunturas diferentes. Melhor do que isso é encarar os aspectos que atravancam
nosso crescimento
O investimento
em Educação praticado por Brasil e Coreia do Sul é parecido: em torno de 5% e
6%. Apesar disso, os resultados em avaliações internacionais são muito
diferentes. Essa comparação, apesar de comum, não se justifica. Entre os
principais motivos listados pelo texto "Por
que é preciso investir mais em Educação?", publicado na
edição de abril de NOVA ESCOLA, está à existência de déficits no sistema
educacional já superados há décadas pelos coreanos.
A receita para
superar essas deficiências: mais recursos e gestão eficiente. Nesta entrevista,
José Marcelino de Rezende Pinto, professor da Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP) e
especialista em Financiamento da Educação, avalia os gargalos do nosso sistema
educacional e sugere alguns caminhos para resolvê-los. Explica porque não é
adequado fazer comparações com a situação de Coréia do Sul ou Finlândia, e
aponta problemas na estrutura que envolve a gestão escolar, o modo de utilizar
as verbas voltadas ao setor, um déficit histórico com creches e Ensino Superior
e ainda as desigualdades na Educação do país.
É válido
relacionar o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) investido por diferentes
países em Educação e os resultados de avaliações, como o Programa Internacional
de Avaliação de Alunos (Pisa)?
JOSÉ MARCELINO
REZENDE PINTO Não é adequado fazer comparações como essa e indicar o
investimento como único determinante para o desempenho escolar dos estudantes.
Por um lado, é necessário comparar os gastos de diferentes países por critérios
mais adequados, que considerem fatores como as dimensões do país e o tamanho de
sua economia. Por outro, precisamos entender que tanto esses índices econômicos
quanto as avaliações externas não consideram o contexto local. Um dos poucos
consensos de todos os estudos da área de avaliação é que os resultados refletem
o capital cultural de cada família, como a escolaridade dos pais. Por isso é
necessário considerar que na nota do Pisa o fator de desigualdade
socioeconômica está presente, o que dificulta comparações.
Mas qual o
papel do investimento para influenciar na qualidade da Educação?
REZENDE PINTO O investimento é essencial. Mesmo os países que já têm
sistemas educacionais consolidados, ou seja, que não possuem déficits grandes
como o Brasil, continuam fazendo um esforço grande. Isso é provado quando vemos
o valor de investimento anual por aluno e também quando pensamos o volume de
recursos em relação ao PIB per capita. Esses países sabem que uma Educação boa
tem seu custo e que ele não é baixo. Mesmo países cuja economia não é tão forte
quanto à brasileira, colocam a Educação como prioridade em seus orçamentos.
Isso ainda não acontece conosco, infelizmente.
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