Os diferentes domínios naturais e sua relação com o clima
Objetivo(s)
- Identificar os
domínios naturais associando-os aos principais biomas e às questões relativas à
biodiversidade;
- Comparar
características geográficas dos diferentes domínios naturais estabelecendo
relações entre os biomas;
- Associar situações
climáticas do presente e do passado às condições atuais dos domínios naturais e
do meio ambiente na escala mundial, como elemento que influi na biodiversidade
do tempo presente
Ano(s) 1º 2º 3º
Tempo estimado Quatro aulas
Material necessário
- Cópias da
reportagem "Pelo menos 31 cidades registraram temperaturas
negativas", do site de Veja
- Mapa dos domínios
naturais do Brasil
- Mapa dos climas
brasileiros
- Mapa das massas de
ar que atuam no território brasileiro
Este plano de aula
está ligado à seguinte reportagem de VEJA:
Desenvolvimento
1ª etapa
Para que os
estudantes possam acompanhar a sequência das atividades propostas, exponha seus
objetivos: identificar os domínios por suas características naturais e
compreender alguns fatores que influenciam o clima prevalente nestes domínios.
Numa reflexão posterior, proponha o exame da influência do clima na
biodiversidade representada em cada domínio. Para tanto, a sequência didática
está dividida em três etapas de trabalho.
Comece as atividades
sobre os domínios naturais brasileiros com uma breve exposição. Essa
apresentação inicial deve servir para trazer à memória dos estudantes seus
conhecimentos já acumulados da experiência e dos outros anos escolares. Utilize
o mapa dos domínios naturais brasileiros para fazer uma explicação sobre os
seis domínios que caracterizam as diferentes regiões naturais do território
brasileiro: o domínio amazônico, o domínio do cerrado, o domínio de mares de
morros, o domínio das caatingas, o domínio das araucárias e o domínio das
pradarias, mais as faixas de transição.
Com ajuda do mapa,
disponível na escola na forma de painel ou mesmo no material didático dos
alunos, localize e explique em termos gerais cada um dos domínios naturais e
ressalte os respectivos climas.
Lembre-os que a
variedade de climas no Brasil é influenciada pela a extensão do seu território,
onde vários são os agentes que influenciam o clima: a posição geográfica,
determinantes para a existência dos climas equatoriais, tropicais, temperados,
polares; as massas de ar, cuja circulação se deve às diferenças de pressão,
temperatura e umidade entre elas; fatores do relevo, como a altitude, e da
vegetação, como as florestas tropicais; e ainda, a continentalidade e a
maritimidade, entre outros.
O domínio amazônico
compreende as planícies inundáveis da região amazônica, na região Norte, e
possui uma exuberante vegetação de florestas tropicais úmidas, relacionada à
elevada quantidade das chuvas na região de clima equatorial, com temperaturas
quentes ao longo de todo o ano.
O clima equatorial,
predominante no domínio amazônico, é muito influenciado pela massa de ar
equatorial continental (mEc), praticamente o ano todo. Apenas a região
litorânea sofre influência de outra massa de ar: a massa equatorial atlântica
(mEa).
A mEc é quente e
úmida, com centro de origem na parte ocidental do território amazônico, pois é
a própria evapotranspiração da floresta tropical que lhe fornece umidade. É a
única massa continental úmida do planeta, uma vez que as massas continentais
são geralmente secas, enquanto as oceânicas são úmidas.
No inverno, frentes
frias podem atingir o sul e sudoeste da região, ocasionando a queda da
temperatura, denominada "friagem". Exemplo desse fenômeno foram as
baixas temperaturas registradas na região Norte neste inverno.
O domínio do cerrado
é o segundo maior domínio natural do território brasileiro. Apresenta duas
estações bem definidas pelo clima tropical continental da região, com chuvas
concentradas no verão e inverno seco, o que influencia a vegetação,
caracterizada por árvores pequenas de troncos espessos e retorcidos e raízes
profundas, adaptadas aos períodos de estiagem.
O clima tropical,
predominante no cerrado, é influenciado pela massa de ar equatorial continental
(mEc), principalmente no verão, provocando chuvas frequentes. Já no inverno,
como o recuo da mEc, há o avanço da massa de ar tropical atlântica (mTa), que é
quente e úmida, com centro de formação no oceano Atlântico, nas imediações do
Trópico de Capricórnio.
A mTa exerce grande
influência no litoral do Brasil, entretanto, quando chega no interior do país
já perdeu grande parte da sua umidade, contribuindo para que sejam secos os
invernos no domínio do cerrado.
O domínio da Mata
Atlântica, ou dos mares de morros, ocupa as cadeias de morros e serras que se
estendem pelo litoral do país, influenciando o clima tropical litorâneo da região,
caracterizado pelo alto índice de chuvas no verão. Vale a pena lembrar que, por
conta do processo histórico de ocupação e transformação das regiões litorâneas,
resta do domínio da Mata Atlântica apenas 7% da sua formação original.
O clima tropical litorâneo,
predominante no domínio da Mata Atlântica, possui chuvas mais intensas no
verão, sendo influenciado pela massa de ar tropical atlântica (mTa). Trata-se
de uma massa quente e úmida que se origina no Atlântico, na latitude do Trópico
de Capricórnio, determinante do clima no litoral brasileiro, desde o Nordeste
até o Sul do país.
O domínio da
caatinga ocorre nas regiões de planaltos e chapadas do interior do Nordeste,
estendendo-se pelas áreas de clima tropical semiárido, caracterizado pela
irregularidade das chuvas e grandes períodos de seca. Esta é a razão da perda
das folhas das plantas durante a estiagem, uma vez que a vegetação está
adaptada às condições de ausência de chuva.
O clima tropical
semiárido, predominante no domínio da caatinga, abrange o sertão da região
Nordeste. Apresenta chuvas escassas, que se concentram num período máximo de
três meses ao ano, no verão, sobretudo, por causa das massas de ar mais secas.
Isso quer dizer que as massas de ar que entram pelo sul perdem sua umidade e não
chegam a entrar na região, ocasionando as secas regionais. As poucas chuvas se
devem a influência da massa de ar equatorial continental (mEc) no verão.
O domínio das
araucárias e o domínio das pradarias podem ser considerados em um único grupo,
o domínio dos pampas, marcados pelo clima subtropical predominante em ambas
regiões. Os verões são quentes e os invernos, rigorosos, com possibilidade de
neve nas áreas de altitude elevada da região Sul do Brasil, devido a influência
da massa de ar polar atlântica, além da massa tropical marítima. No entanto,
devemos diferenciar os domínios das araucárias e o domínio das pradarias quanto
ao relevo e à vegetação. O domínio das araucárias possui esse nome pela
prevalência da vegetação das araucárias, caracterizada por uma mata homogênea e
aberta, hoje já muito desmatada. Ocorre nas áreas mais elevadas dos planaltos e
serras da região Sul do Brasil. Já o domínio das pradarias se caracteriza pela
vegetação rasteira, basicamente de gramíneas. Onde os rios cortam as pradarias,
há as matas galerias, acompanhando seus cursos.
O clima subtropical,
predominante na região Sul do país, onde encontramos o domínio das araucárias e
o das pradarias, é influenciado pela massa de ar polar atlântica (mPa) e a
massa de ar tropical atlântica (mTa). Algo que vale observar é a ausência de
estação seca no Sul do país.
A mTa, mais atuante nas regiões litorâneas, provoca chuvas abundantes no verão.
Já a mPa é fria e úmida, atua mais no inverno, penetrando no território
brasileiro na forma de frentes frias, causando chuvas e queda das temperaturas.
A mPa se forma no oceano Atlântico, próximo à Patagônia, no sul da Argentina e,
embora possa chegar até o norte do país, a mPa é determinante do clima no sul
do país.
Há ainda o domínio
das faixas de transição: o Pantanal e Mata dos Cocais. São áreas com
características específicas que ocorrem em meio à transição de domínios. Os
pantanais ocupam áreas de clima tropical e têm sua paisagem bastante modificada
no período das chuvas, quando grande parte das terras inundáveis da bacia do
rio Paraguai é coberta, obrigando o deslocamento dos animais para as regiões
mais altas. Já a Mata dos Cocais, entre o domínio amazônico e o da caatinga, há
a presença predominante das palmeiras, principalmente a carnaúba e o babaçu,
servindo à prática do extrativismo para a produção de cera e óleos vegetais.
Quanto aos climas no
Brasil, há ainda o clima tropical de altitude, predominante nas áreas de
maiores altitudes da região Sudeste, caracterizado por invernos mais frios do
que os do clima tropical continental ou tropical litorâneo.
Como não é apenas um
fator que determina as variações do clima, certifique-se de que os estudantes
compreenderam que há outros elementos, mas que as massas de ar têm enorme peso
no comportamento dos fenômenos atmosféricos.
Com a caracterização
de cada uma das regiões naturais, reforce a ideia de que o estudo dos domínios
nos leva a perceber que a interação entre as formas do relevo, as
características do clima e, por sua vez, da vegetação, as quais dependem da
posição geográfica.
Os domínios são,
portanto, grandes regiões que apresentam características naturais comuns que se
influenciam mutuamente, tornando-os distintos uns dos outros.
Não se esqueça que
os mapas dos climas do Brasil, o mapa dos domínios naturais brasileiros, e o
mapa das massas de ar que circulam sobre o território nacional são muito
didáticos para ilustrar sua explicação.
Antes de finalizar
essa etapa expositiva inicial, busque uma forma de sistematizar o conjunto das
características naturais dos domínios e climas, seja por meio de uma tabela de
conteúdos impressa ou no caderno, ou mesmo junto ao material didático. Essa
sistematização irá contribuir para que os alunos possam estabelecer comparações
e criar relações entre os diferentes domínios, bem como consultar em outras
ocasiões de estudo.
2ª etapa
Peça aos estudantes
que façam uma pesquisa extraclasse sobre a biodiversidade encontrada nos
diferentes domínios. Para poder trabalhar de forma dinâmica e coletiva, divida
a sala em seis grupos, sendo que cada um deles seja responsável pela pesquisa
de um dos domínios e climas.
Tendo realizado a
pesquisa extraclasse, permita que os alunos sentem-se reunidos em seus
respectivos grupos, cada um correspondente a um dos seis domínios naturais.
Deixe que eles descubram as semelhanças e diferenças de suas pesquisas e depois
organizem, em um único papel, sobre a biodiversidade que querem apontar sobre
tal domínio.
Enquanto debatem
dentro de cada grupo, divida o quadro negro em seis partes. Peça para um
representante de cada grupo que diga as características da biodiversidade que o
grupo decidiu apontar como representativas daquele domínio natural e faça as
anotações correspondentes na lousa.
Ao passo em que os
alunos citam os pontos relativos à biodiversidade dos domínios, aproveite para
explicar as relações destes com o clima, o relevo e a vegetação, de modo que
eles possam estabelecer significados entre a aula expositiva anterior, a
pesquisa individual e o debate em grupo, além de seus conhecimentos
experienciais. Aproveite o quadro sistematizado na 1ª etapa.
Depois da expressão de todos os grupos, peça para os alunos copiarem o quadro
da biodiversidade dos domínios, composto pela própria pesquisa dos estudantes.
Assim, eles terão os conteúdos da pesquisa do seu grupo respectivo, mas também
um quadro geral da biodiversidade encontrada no território brasileiro.
Esse quadro deve ser
complementar ao primeiro, elaborado na 1ª etapa, sobre as características dos
domínios e seus climas respectivos.
3ª etapa
Argumente com os
estudantes que os biomas brasileiros abrigam uma porção significativa da
biodiversidade do planeta. Ainda assim, muitos grupos biológicos demandam
descobertas para a produção de novos conhecimentos. Sabemos também que toda
essa riqueza está ameaçada pelas atividades antrópicas.
Para não criar
falsas dicotomias entre a sociedade e a natureza, reflita com os alunos que é
preciso racionalizar nossas ações, medindo os riscos e buscando evitar os
prejuízos às espécies e às relações ecológicas entre elas. Isso não quer dizer
que o ser humano deixará de colocar em prática seus projetos, mas sim que
deverá adaptá-los a outros interesses, não apenas econômicos.
Relembre-os que
altos níveis de devastação ambiental, historicamente provocados pela ação
humana e pela produção agropecuária, já levaram à situação em que se encontram
os domínios da Mata Atlântica e do cerrado, com várias espécies declaradas em
extinção.
Outro fator
importante nesse contexto das ameaças às paisagens naturais e à biodiversidade
do planeta, são as mudanças climáticas. Na América do Sul, já se sabe que
temperaturas mais elevadas e a maior duração da estação seca podem aumentar a
frequência e rigor das estiagens sazonais, além das anomalias de temperatura da
superfície do oceano Atlântico.
Há quem seja mais
cético em relação à existência de uma mudança climática ou mesmo em relação às
causas antrópicas dessa alteração. Mas tal debate implica numa pesquisa
aprofundada sobre as diferentes visões vigentes sobre o tema. Nesse momento,
esclareça a eles que nosso interesse principal é compreender a relação
intrínseca entre os elementos da natureza. Mas, também, sobre a determinação da
ação antrópica sobre nosso planeta.
Essas alterações
climáticas contribuem para a mudança dos biomas? Estimule essa reflexão, que
exigirá que os estudantes estabeleçam relações entre os conhecimentos vistos
até aqui. Devem aparecer ideias como: o aumento das situações de incêndios, a
expansão das formações vegetais abertas, a redução dos biomas florestais, a
sobrevivência daquelas espécies mais adaptadas, entre outros.
Além dos impactos
para a biodiversidade, as alterações gerais nos biomas produzem mudanças nos
climas que, por sua vez, produzem mudanças nos domínios naturais. Isso quer
dizer que as mudanças climáticas tendem a reconfigurar as características
naturais e, portanto, sociais do planeta. Leve os estudantes ao entendimento de
que estamos diante de um conjunto vivo, de interdependências mútuas.
Para incrementar o
debate sobre a influência das mudanças climáticas na biodiversidade, reflita
com os alunos se não será contradição que o aquecimento global traga queda nas
temperaturas, como as que vimos neste inverno? Para ilustrar, utilize novamente
a reportagem do site de Veja
Descobriu-se que a massa de ar polar (mPa) surgida neste inverno se resfriou
ainda mais em função do aumento da superfície marinha congelada na Antártida. A
massa de ar surgida no sul da América do Sul, como já vimos, sofreu a
influência desse maior volume de gelo na Antártida enquanto se formava. Daí a
queda nas temperaturas deste inverno em um grande número de cidades
brasileiras.
A explicação para
esse maior congelamento ao redor da Antártida é variada entre os pesquisadores.
Há quem defenda que o derretimento das calotas sobre o continente antártico
resfria o mar ao seu redor, há quem privilegie uma visão em que o ar mais
quente sobre as águas na região agita a superfície marinha, trazendo para cima
águas mais frias do fundo dos oceanos.
Essas perspectivas parecem assumir a existência de um aquecimento do planeta,
coincidindo na interpretação de que tal aquecimento pode acarretar frios mais
rigorosos. Esclareça aos estudantes que o aquecimento global diz respeito ao
aumento das temperaturas médias da atmosfera e, como média, há partes que se
aquecem, ou se resfriam, mais que outras, sendo no conjunto que podemos dizer
que há mais ar quente circulando no planeta que no passado.
As massas de ar, por
exemplo, se movem pelas diferenças de temperatura umas em relação às outras.
Porém, com mais ar quente na atmosfera, há uma mudança no padrão de circulação
dos ventos, podendo ocasionar secas mais severas e aumento de chuvas
abundantes. Dentre os efeitos do aquecimento global, já sabemos que há maior
regularidade de eventos naturais extremos.
Estimule o debate para que os alunos possam manifestar seus conhecimentos e
dúvidas acerca do tema estudado. Seja mediador da discussão, de modo que não se
desviem do tema da biodiversidade e incorporem as reflexões sobre as mudanças
climáticas.
Para finalizar,
destaque uma vez mais que a biodiversidade do planeta é vulnerável às ações
antrópicas, quando estas não são ponderadas no sentido da conservação, assim
como às mudanças climáticas em curso.
É fato que mudanças
significativas vêm ocorrendo com relação aos grupos biológicos e às paisagens
naturais. No futuro próximo ou distante, como serão os domínios naturais
brasileiros? É preciso despertar a consciência de que devemos medir nossas
ações pelos efeitos que elas geram a todos que sofrem os impactos. Para isso é
preciso conhecimento experiencial e intelectual.
Avaliação
Avalie se os
estudantes compreenderam os conteúdos propostos nas três etapas por meio do
interesse em realizar as atividades orientadas. Na primeira etapa,
certifique-se se houve a sistematização dos seis domínios e climas respectivos
na forma proposta. Na segunda etapa, verifique se a pesquisa sobre a
biodiversidade existente nos domínios foi realizada individualmente. E na
terceira etapa, avalie a participação no debate coletivo em sala de aula.
http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/os-diferentes-dominios-naturais-e-sua-relacao-com-o-clima