Imposto: um mal
necessário?
Apresente para a classe um breve histórico sobre as tributações
financeiras e relacione a sua existência ao funcionamento e manutenção dos
Estados
Objetivo
Realizar um exercício de reflexão sobre os impostos e sua aplicação
na constituição dos Estados modernos
Conteúdo
Formação dos Estados e sistemas de governo
Anos Ensino Médio
Material necessário
Computadores ou sistema de som com acesso à internet
Cópia do vídeo ou da música "Impostos", do compositor Djavan
Cópia da letra da música "Impostos", do compositor Djavan
(disponível abaixo)
Cópia do artigo 145 da Constituição Brasileira (disponível abaixo)
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Desenvolvimento
1ª etapa
1ª etapa
Para iniciar essa aula, a ideia é explicitar o conceito de Estado e
suas diversas formas de organização na sociedade. Durante a história, tivemos
uma grande diversidade de modos de organização da sociedade. Neste campo,
destacamos a compreensão do pensador alemão Max Weber, para quem o Estado seria
"uma relação de homens que dominam seus iguais, mantida pela violência
legítima (isto é, considerada legítima)"
Além do Estado se situar no campo da administração de pessoas em
uma determinada localidade, a demanda por uma melhoria na condição de vida
nessa relação de homens se estabelece a todo instante. Os diversos interesses
podem entrar em disputa, propiciando conflitos entre os indivíduos.
O filósofo político italiano Nicolau Maquiavel afirma que somente
um príncipe conseguiria fazer com que a sociedade seguisse um caminho em
direção à virtude e com instituições estáveis. Já o pensador inglês Thomas
Hobbes aponta para uma sociedade em constante conflito entre as vontades
individuais. Para que esse essa contínua desordem dê lugar a um espaço
harmonioso, ele propõe que todas as pessoas submetam suas vontades a somente um
indivíduo. O rei passaria a ter controle sobre as paixões que provocam os
excessos e a desordem na sociedade.
Após esta breve explicação sobre esses conceitos de Estado,
relacione os autores citados com o sistema feudal, buscando relembrar que o
controle da sociedade sempre esteve presente nas mãos de uma única camada da
população. Auxilie a classe a refletir sobre como as formas de administração do
Estado mudaram de lá para cá. Proponha uma discussão entre a turma sobre as
semelhanças entre as distintas formas de administração de um local. Ao término
da discussão, peça que os alunos levantem quais são os itens essenciais para
garantir a administração de um estado ou de um local público. Anote as
palavras-chave na lousa, elas serão retomadas em um segundo momento.
2ª etapa
Explique aos alunos que a palavra "imposto" vem do latim impositu que
deriva do verbo impor. Deste modo, os impostos são observados como uma
imposição de um tributo aos cidadãos destinados às despesas gerais de
administração do Estado. Neste momento, vale resgatar o que foi discutido na
aula anterior, levando em consideração que, para se realizar as atividades que
foram listadas pelos jovens, deve-se atentar aos aspectos econômicos
necessários para a concretização de serviços públicos.
A cobrança de taxas para a manutenção do Estado vem desde longa
data. Há aproximadamente 3000 anos a. C., os faraós já realizavam esta prática aos
seus súditos. Era justamente essa figura soberana que decidia como os impostos
deveriam ser aplicados na sociedade. Trace esse panorama para a turma,
destacando alguns outros momentos históricos em que os impostos estiveram
presentes ou foram sinônimo de entraves políticos. Em seguida, apresente a
definição do pensador francês Gaston Jèze sobre a aplicabilidade desta taxa: "O
imposto é uma prestação pecuniária para as pessoas, exigido pela autoridade
devida, de modo permanente e sem remuneração por tal, para cobrir uma função
pública necessária."
Nos regimes ditos democráticos, os impostos são legitimados através
das leis referendadas nos espaços legislativos e julgadas pelo judiciário.
Somente após este percurso, o poder Executivo aplicará a lei. Sendo assim, os
impostos variam de acordo com a região a ser aplicada, concentração de renda e
número de habitantes de determinado lugar. Estas são algumas variáveis que
determinam a quantia a ser paga pelos cidadãos.
O artigo 145 da Constituição Brasileira determina a fixação de
imposto em território nacional de acordo com os seguintes princípios gerais:
Constituição
brasileira
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
I impostos;
II taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
III contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Apresente esse trecho da Constituição para a turma e, em seguida,
oriente-os a se dividirem em grupos de aproximadamente 5 alunos para a
realização de um texto dissertativo que contemple os seguintes questionamentos:
Por que devemos pagar impostos?
Qual a trajetória histórica deste tributo até os dias atuais?
Em nossa sociedade, quem são os responsáveis pela fixação dos
impostos?
Quais impostos que vocês conhecem e que são aplicados em nosso
cotidiano?
3ª etapa
Inicie essa etapa informando à classe que serão trabalhados
aspectos mais palpáveis sobre os impostos, tendo em vista a realidade
brasileira e o nossos sitema tributário. Escreva na lousa os nomes dos impostos
mais comuns que pagamos, e comente brevemente à que se destinam e sobre o que
incidem cada imposto citado. São exemplos de impostos diretos no Brasil:
IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) -
Arrecadado pelos governos estaduais, este imposto incide sobre os proprietários
de veículos automotores.
IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) - Este imposto
arrecadado pelo governo federal é descontado na folha de pagamento de todo
trabalhador, variando entre 15% e 27% de seu salário.
IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) - Coletado pela
prefeitura, o IPTU diz respeito a uma taxa imobiliária diante de casas,
apartamentos ou espaços comerciais.
Informe à turma que existem ainda os impostos indiretos, que são
taxas cobradas sobre os serviços e produtos consumidos pelas pessoas. O
comerciante ou produtor, ao ser cobrado por este imposto, repassa o reajuste
para o valor cobrado nos serviços ou produtos. São exemplos de impostos
indiretos no Brasil:
ISS (Imposto sobre Serviços) - O ISS incide no setor de
serviços, como educação e saúde. Compete ao governo municipal regulamentar a
cobrança deste imposto.
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - Este imposto é
fixado pelo governo federal e incide sobre a comercialização de produtos
industrializados
A maneira como os impostos são recolhidos é uma grande discussão.
Alguns pensadores propõem o chamado imposto progressivo, como uma possível
forma de criar relações mais igualitárias diante do pagamento dessas
tributações. Neste ponto de vista, quanto maior a condição financeira de um
indivíduo, mais ele pagará impostos, fazendo com que a desigualdade diminua,
devido aos baixos impostos às pessoas mais necessitadas.
Após a exposição, distribua para a classe cópias da letra da música
"Imposto', do cantor e compositor Djavan.
Imposto - Djavan
IPVA, IPTU
CPMF forever
É tanto imposto
Que eu já nem sei!...
ISS, ICMS
PIS e COFINS, pra nada...
Integração Social, aonde?
Só se for no carnaval
Eles nem tchum
Mas tu paga tudo
São eles os senhores da vez
Tu é comum, eles têm fundo
Pra acumular, com o respaldo da lei
Essa gente não quer nada
É praga sem precedente
Gente que só sabe fazer
Por si, por si
Tudo até parece claro
À luz do dia
Mas claro que é escuso
Não pense que é só isso
Ainda tem a farra do I.R.
Dinheiro demais!
Imposto a mais, desvio a mais
E o benefício é um horror
Estradas, hospitais, escolas
Tsunami a céu aberto,
Não está certo.
Pra quem vai tanto dinheiro?
Vai pro homem que recolhe
O imposto
Pois o homem que recolhe
O imposto
É o impostor
IPVA, IPTU
CPMF forever
É tanto imposto
Que eu já nem sei!...
ISS, ICMS
PIS e COFINS, pra nada...
Integração Social, aonde?
Só se for no carnaval
Eles nem tchum
Mas tu paga tudo
São eles os senhores da vez
Tu é comum, eles têm fundo
Pra acumular, com o respaldo da lei
Essa gente não quer nada
É praga sem precedente
Gente que só sabe fazer
Por si, por si
Tudo até parece claro
À luz do dia
Mas claro que é escuso
Não pense que é só isso
Ainda tem a farra do I.R.
Dinheiro demais!
Imposto a mais, desvio a mais
E o benefício é um horror
Estradas, hospitais, escolas
Tsunami a céu aberto,
Não está certo.
Pra quem vai tanto dinheiro?
Vai pro homem que recolhe
O imposto
Pois o homem que recolhe
O imposto
É o impostor
Ouça a música com
a turma e proponha uma reflexão sobre sua letra com os alunos. Ao terminar,
discuta com a turma sobre como os impostos poderiam ser melhor utilizados na
sociedade, e de que modo as desigualdades poderiam diminuir caso o Estado desse
conta de empregar o dinheiro arrecadado na melhoria e democratização dos
serviços públicos de boa qualidade. Deixe que os alunos comentem à vontade e
expressem suas opiniões. Nesse momento o professor deve ser o mediador do
debate, sem impor ou explicitar uma verdade absoluta.
Avaliação
Recolha o texto dissertativo produzido pelos grupos durante a 2ª
etapa. Deverão ser observados os critérios usados para responder as questões, a
coerência em relação ao que foi debatido em sala de aula e se os conceitos de
Estado e de impostos foram empregados da maneira correta. Avalie também a
participação e o envolvimento de cada um durante os debates.
Consultoria Rafael Beverari
Sociólogo, mestrando na Universidade de São Paulo (USP)
Sociólogo, mestrando na Universidade de São Paulo (USP)
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/impostos-mal-necessario-785614.shtml
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