sábado, 3 de agosto de 2013

As crianças no Brasil Império



Objetivos
- Conhecer o modo de vida de grupos de crianças que viveram no Brasil imperial.
- Relacionar passado e presente, identificando pontos de permanência e mudança entre a própria vida e a dos grupos estudados.
- Relacionar a vida da época a alguns aspectos do contexto histórico em questão (transição da mão de obra escrava para a assalariada, imigração europeia e Lei do Ventre Livre).


Conteúdo
Brasil imperial

Anos                          4º e 5º.

Tempo estimado                    Dois meses.

Material necessário
Livro História das Crianças no Brasil (Mary del Priore [org.], 450 págs., Ed. Contexto, tel. 11/3832-5838, 65 reais). 


Desenvolvimento
1ª etapa
Lance aos estudantes as seguintes perguntas: "Quem eram e como viviam as crianças durante o Brasil imperial?" e "Será que há diferenças e semelhanças em relação a vocês?". Anote as principais ideias e comunique que eles vão aprender sobre essa época. Explique que o período se inicia com a independência, em 1822, e vai até a proclamação da República, em 1889. Fale que, nesse espaço de tempo, o Brasil foi comandado pelo imperador dom Pedro I, por regentes (que governaram no período em que dom Pedro II ainda não tinha idade para ser imperador) e por ele próprio.

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2ª etapa
Diga que todos estudarão os meninos negros que viveram no Brasil imperial. Indique a leitura do texto abaixo, extraído do livro História das Crianças no Brasil (págs. 179 e 180):
"...Por certo, algumas [crianças] eram compradas e vendidas, transações que se faziam mais frequentes nas etapas finais da infância, especialmente durante as fases de grandes desembarques africanos. Também é verdade que outras eram doadas ao nascer [...] As crianças que as fazendas compravam não eram o principal objeto de investimento senhorial, mas sim as suas mães, que com eles se agregavam aos cafezais, plantações de cana-de-açúcar e demais [...]. Poucas crianças chegavam a ser adultos [...]. Aqueles que escapavam da morte prematura, iam, aparentemente, perdendo os pais. Antes mesmo de completarem um ano de idade, uma entre cada dez crianças já não possuía nem pai nem mãe anotados no inventário. Aos cinco anos, metade parecia ser completamente órfã; aos 11 anos, oito a cada dez."
Comente que os meninos e meninas começavam a trabalhar muito cedo, na lavoura, na pecuária e em trabalhos domésticos. Recomende a leitura de outro excerto do mesmo livro (págs. 184 e 185):
"Por volta dos 12 anos, o adestramento que as tornava adultos estava se concluindo. Nesta idade, os meninos e as meninas começavam a trazer a profissão por sobrenome: Chico Roça, João Pastor, Ana Mucama. Alguns haviam começado muito cedo.
O pequeno Gastão, por exemplo, aos quatro anos já desempenhava tarefas domésticas leves na fazenda de José de Araújo Rangel. Gastão nem bem se pusera de pé e já tinha um senhor. Manoel, aos oito anos, já pastoreava o gado da fazenda de Guaxindiba, pertencente à baronesa de Macaé. Rosa, escrava de Josefa Maria Viana, aos 11 anos de idade, dizia-se costureira. Aos 14 anos, trabalhava-se como um adulto."
Proponha uma leitura dos artigos do capítulo 5 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), disponível em abr.io/eca-crianca. Questione: "Muitos menores trabalham?" e "Hoje isso é aceitável?". Sistematize as opiniões no quadro.

3ª etapa
Comente que agora os alunos vão conhecer a Lei do Ventre Livre, que estabelecia que bebês nascidos de mulheres escravas passassem a ser consideradas livres a partir de 1871. Comunique que isso levou ao aumento do número de menores abandonados vivendo nas ruas. Sugira a leitura de um texto sobre a lei (disponível em abr.io/ventre-livre). Peça que os estudantes escrevam sobre a situação das crianças negras no Brasil Império, a Lei do Ventre Livre e a existência de menores nas ruas na época.

4ª etapa
Comente que diários escritos por pessoas do passado permitem conhecer seu dia a dia e seu tempo histórico. Faça a leitura coletiva do relato de Bernardina (abaixo), uma menina que viveu no século 19, sinalizando as palavras grafadas de forma diferente da atual (em itálico). Ela era filha de Benjamin Constant, um conhecido militar da época.
"No dia 1º de Setembro (não anotou o ano), papai convidou-nos para ir todos ao Jardim Zoológico, para vermos o elephante, os camelos, a jirafa. As crianças gostaram muito do passeio. Depois do jantar fomos à casa de tia Leopoldina, para cear com ella, que faz annos hoje. Alcida e eu fomos assistir pela primeira vez, uma peça de teatro. Hoje, depois do almoço, mamãe, Alcida e eu saímos, fomos comprar dois cortes de vestido para mim e para Alcida."
(livro História das Crianças no Brasil, pág. 169).
Em seguida, questione: "Segundo os textos que lemos, quais eram as diferenças entre a vida de uma criança escrava e de uma livre, de família rica, como Bernardina?" e "Os pequenos escravos tinham tempo livre? Faziam passeios?". Dê espaço para que os estudantes apresentem argumentos extraídos dos textos lidos. Pergunte: "Isso acontece no Brasil de hoje?", "A vida de pobres e ricos tem diferenças?" e "Quais são?". Proponha que eles imaginem como seria um dia na vida de Bernardina no Brasil atual e registrem no caderno.

5ª etapa
Comente que a mão de obra escrava foi sendo substituída pela livre assalariada, de origem europeia, durante o Império. Nessa época, o governo brasileiro estimulou a vinda de imigrantes, como os alemães e os italianos. Eram camponeses, que saíam de suas terras e iam procurar no novo mundo terras para cultivar, atraídos por anúncios do Governo imperial Brasileiro.
Continue, explicando que muitos pequenos vieram para o Brasil de navio, com sua família. Faça uma leitura compartilhada de um texto informativo sobre a lavoura cafeeira e a imigração europeia (disponível em abr.io/imigracao-europeia). Lembre-se de que todos os alunos devem possuir uma cópia do texto. Depois, pergunte o que mais chamou a atenção e comente que vocês irão fazer uma segunda leitura juntos, parando em cada parágrafo para sublinhar as informações mais importantes. Diga que vocês tomarão notas com base nessa leitura.
Releia o texto, fazendo paradas estratégicas para explicar conceitos e expressões (como "latifundiário" e "visão eurocêntrica") e discutir que informações devem ser grifadas. Deixe que as crianças falem, mas faça intervenções caso as sugestões sejam inadequadas. Releia as informações selecionadas e sublinhadas e pergunte se todas consideradas importantes estão relacionadas. Caso não percebam a ausência de algum dado relevante, aponte você mesmo. Em seguida, peça que a turma anote no caderno o período de maior entrada de imigrantes no Brasil e as razões do apoio do governo brasileiro a isso. Cite o exemplo de imigrantes em sua cidade, se houver, vinculando-os a esse contexto nacional.

6ª etapa
Para continuar explorando a temática, atrelando-a ao contexto local, proponha procedimentos de História oral. Assim, a turma pode explorar as memórias de infâncias de seus familiares e o modo de vida de seus antepassados. Elaborem em conjunto uma lista de perguntas. Exemplos: "Seus pais e avós nasceram aqui?" Se não: "De onde vieram?". De volta à classe, tabulem e analisem os dados.

Avaliação
Avalie a participação das crianças durante as etapas e observe se elas são capazes de desenvolver a orientação temporal, ou seja, relacionar o passado ao presente, indicando mudanças e permanências. Nas etapas 2, 4 e 5, verifique como cada uma constrói argumentos sobre os conteúdos estudados. A Educação e as brincadeiras da meninada no Brasil Império, bem como a participação do país na Guerra do Paraguai (1865-1870), podem ser temas de outras sequências.

Consultoria Maria Auxiliadora Schmidt
Professora de Metodologia do Ensino de História da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e autora de livros didáticos de História. Proposta adaptada do livro Agora é Hora - Eu Conto a História (Ed. Base).

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