Como usar textos de
apoio em uma redação?
Mostre aos alunos, a partir de um tema polêmico como a internação
compulsória para dependentes químicos, como identificar os argumentos nos
textos de apoio e utilizá-los na construção de suas próprias dissertações
Objetivos
- Conceituar o texto opinativo do tipo dissertação
- Analisar textos de apoio e extrair deles os elementos necessários para construir uma dissertação
- Produzir um texto opinativo do tipo dissertação
- Analisar textos de apoio e extrair deles os elementos necessários para construir uma dissertação
- Produzir um texto opinativo do tipo dissertação
Conteúdos
- Gênero textual: texto opinativo (dissertação)
Anos Ensino Médio
Tempo Estimado Três aulas
Materiais necessários
- Cópias dos textos abaixo para todos os alunos:
1)
"Prefiro ser
criticado a me omitir" (Veja, ed.2309, 20
de fevereiro de 2013). O texto na íntegra está disponível no acervo digital de Veja a partir de 22/02/2013.
2) "Internação compulsória" - artigo de Dráuzio Varella publicado em seu site.
3) "Internação à força de viciados divide especialistas" -
reportagem de Luis Kawaguti da BBC Brasil em São Paulo, publicada em 21 de
janeiro de 2013. A reportagem está disponível no site da BBC.
Introdução
Depois que a prefeitura do Rio de Janeiro e o governo do Estado de
São Paulo adotaram uma política pública controversa para os usuários de drogas,
com atenção especial aos viciados em crack, o debate sobre a internação
compulsória para dependentes químicos está cada vez mais presente na sociedade.
Assim como a descriminalização do aborto, o uso de células embrionárias, a comercialização e o porte de armas de fogo ou a legalização da maconha, a
discussão sobre a internação compulsória para dependentes químicos é um tema
bastante polêmico justamente por provocar opiniões distintas.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi entrevistado por Veja e reforçou sua posição favorável à
internação compulsória em casos específicos, além de confirmar que a bancada do
PSDB enviou ao Congresso um projeto que pretende reduzir a maioridade penal.
Diga à turma que são temas da atualidade como esses que costumam ser explorados
pelos vestibulares e concursos públicos do país em forma de texto dissertativo.
Aproveite ainda toda esta discussão em torno dos dependentes químicos para
mostrar aos alunos como identificar os argumentos usados nos textos de apoio
para a construção de textos opinativos.
Antes de começar a sequência didática, prepare cópias dos textos
sugeridos para todos os estudantes. Se sua escola tiver uma sala de informática
bem equipada, você também pode prepará-la e disponibilizar os textos citados
nos computadores. Outra alternativa é projetá-los na sala, caso haja um
projetor de imagens na sua unidade.
Leia mais
1ª etapa
Comece com uma etapa expositiva sobre textos opinativos. Questione
a turma sobre o que é opinar e quais são as características de um texto tipo do
tipo dissertação. Por ser um gênero textual bastante praticado no Ensino Médio,
espera-se que a turma já esteja mais familiarizada com este tipo de texto e
saiba que a dissertação consiste na exposição de ideias em torno de um
determinado assunto. Além disso, os exemplares do gênero devem explorar o tema
por meio da discussão dos problemas que o envolvem, da defesa de princípios e
da tomada de posições, sempre de um modo objetivo e baseado na sequência lógica
das ideias e na coerência com que são expostas. Para instigar a participação
dos alunos, você pode fazer perguntas objetivas a respeito. Registre as respostas
dos estudantes no quadro. Sugerimos algumas questões:
1) Qual a diferença básica entre narrar, descrever e opinar?
2) O emprego da
linguagem coloquial e o uso de abreviações são bem vistos numa dissertação?
3) Quais são as três
partes fundamentais da redação? Ou seja, como ela deve ser estruturada?
4) Qual a importância da análise objetiva de um tema numa dissertação?
5)Diante de um assunto polêmico é possível defender um ponto de vista
contrário ao da maioria? Como devo fazê-lo?
6) Como relacionar os argumentos ao ponto de vista numa dissertação?
7) Qual a função da
conclusão numa dissertação? Quais são suas características?
Ao fim desta etapa, leia com a turma tudo o que foi exposto na
lousa. Solicite aos alunos que façam as correções quando se fizerem
necessárias. Em seguida, peça que anotem tudo nos cadernos. É importante que
você, professor, responda as questões acima caso seja observado a falta de
conhecimento prévio dos alunos. Se for essa a situação da sua turma, use um
exemplo de dissertação para facilitar a explicação.
2ª etapa
Distribua os textos para os estudantes, projete na sala ou
encaminhe a turma à sala de informática. Pergunte aos alunos se eles estão bem
informados sobre a nova política pública que a prefeitura do Rio de Janeiro e o
governo estadual de São Paulo adotaram diante dos dependentes químicos, com
atenção especial para os viciados em crack, um subproduto da cocaína. Questione
quais foram as medidas tomadas por esses governos. São medidas polêmicas? Por
quê?
Em seguida apresente três textos referentes ao tema. São exemplares
de gêneros distintos que abordam o assunto da internação compulsória para
dependentes químicos. Esclareça que as leituras servem de apoio para o grupo
construir a própria redação sobre o tema.
1) "Prefiro ser criticado a me omitir" (Veja, ed.2309, 20 de fevereiro de
2013). O texto na íntegra está disponível no acervo digital de Veja a partir de 22/02/2013.
2) "Internação compulsória" - artigo de Dráuzio Varella publicado
em seu site.
3) "Internação à força de viciados divide
especialistas" -
reportagem de Luis Kawaguti da BBC Brasil em São Paulo, publicada em 21 de
janeiro de 2013. A reportagem está disponível no site da BBC.
Durante a leitura, proponha que a turma identifique os argumentos
utilizados em cada um deles e pergunte se esses argumentos estão em
conformidade com o ponto de vista adotado por cada autor ou entrevistado. Deste
modo, espera-se que cada aluno atente para os seguintes dados:
- No primeiro texto, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,
rebate as críticas que dizem que as novas medidas desrespeitam os direitos
individuais dos dependentes químicos e reforça sua posição favorável ao projeto
que prevê a internação compulsória de viciados em crack. Os argumentos que
defendem seu ponto de vista se baseiam no fato de que ele prefere ser criticado
a ser acusado de omisso. Além disso, a política de redução de danos, segundo
ele, "não
funciona com os viciados em crack. Os danos que essa droga provoca são
devastadores".
- No segundo texto, Dráuzio Varella também se coloca a favor da
internação compulsória para viciados em crack. Para defender seu ponto de
vista, o renomado médico, autor de Estação Carandiru (1999) e Carcereiros
(2012), ressalta que o crack, assim como o cigarro, é uma droga psicoativa que "causa
dependência de instalação rápida e duradoura". Ele também
alerta que o crack, por ser uma droga de uso compulsivo, causa "uma
doença crônica caracterizada pelo risco de recaídas".
Além disso, o Dr. Dráuzio relata sua experiência profissional em
presídios, hoje femininos, e diz que nesses locais muitas mulheres são "salvas" diante da impossibilidade de fumarem a
droga, pois a facção criminosa proíbe seu uso na maior parte das cadeias
paulistas. O médico lembra que em "todas as experiências mundiais com a
liberação de espaços públicos para o uso de drogas foram abandonadas, porque
houve aumento da mortalidade". Por último, Dráuzio Varella segue a
mesma linha de Geraldo Alckmin ao dizer que "está mais do que na hora de pararmos com
discussões estéreis e paralisantes sobre a abordagem ideal, para um problema
tão urgente e dramático como a epidemia de crack".
- O terceiro e último texto traz duas opiniões distintas de dois
médicos psiquiatras, ambos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Para
Dartiu Xavier da Silveira a internação forçada, se aplicada como regra geral,
será um erro. Esta medida deve ser empregada em apenas 5% dos casos. Segundo
ele, "o
tratamento de usuários de drogas mais efetivo é voluntário e envolve visitas
regulares a clínicas e centros especializados". Ele ressaltou
ainda que "a taxa de recuperação dos dependentes é
maior em um contexto ambulatorial do que no de uma internação".
Ele também disse que "além do custo ser muito maior que um tratamento
ambulatorial, a eficácia é menor". Por fim, Silveira explica
que esta situação está relacionada mais aos problemas sociais, do que
necessariamente às questões médicas.
Mas para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, em casos de extrema
dependência, a internação forçada poder ser considerada um "ato
de solidariedade". Segundo ele, muitas pessoas que são
internadas desta maneira "acabam aderindo voluntariamente ao tratamento
após os primeiros dias de internação". Laranjeira também lembra que "a maioria dos países democráticos já tem
mecanismos para viabilizar a internação compulsória". Por
último, o psiquiatra reforça que a internação judicial já está prevista na lei
brasileira e que parece se mostrar como uma tendência.
3ª etapa
Peça aos alunos para escreverem uma dissertação sobre o tema:
Internação compulsória para dependentes químicos. Antes de iniciar a atividade
é importante relembrar os itens discutidos na primeira aula. Ressalte
também que para escrever é preciso levar em consideração:
- A necessidade de se respeitar ao que foi proposto (exemplo: o
número mínimo e máximo de linhas a serem utilizadas: entre 20 e 30);
- O rascunho ajuda a organizar as ideias que estarão na versão
final;
- Rasuras não são bem vistas;
- A ilegibilidade é item anulatório;
- O respeito às margens padronizadas;
- As características e a importância de um bom título;
- A correção, clareza, concisão, originalidade, elegância e coesão
são elementos que conferem uma boa avaliação da dissertação;
- Em hipótese alguma, o(a) aluno(a) poderá utilizar frases ou
ideias alheias sem fornecer os devidos créditos. Por isso, esclareça o uso da
citação. Lembre que se algum aluno optar pelo uso dos argumentos encontrados
nos textos de apoio, ele deverá fazê-lo com bom senso e objetividade.
Finalize com um alerta fundamental: a importância do treinar a
escrita rotineiramente, pois quanto mais familiarizado o aluno estiver com o
gênero, melhor será seu desempenho!
Avaliação
Analise se os alunos compreenderam as características do texto dissertativo,
se seguiram todas as etapas exigidas e se conseguiram usar os textos de apoio
sugeridos. Verifique se as redações estão claras e com argumentos fortes e
sensatos. Aponte as adaptações e correções necessárias quando for o caso.
Rodrigo
Priante Ugá
Mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professor de Língua Portuguesa da rede pública do Estado de São Paulo.
Mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professor de Língua Portuguesa da rede pública do Estado de São Paulo.
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