Primeiros socorros:
conhecimentos importantes
Em todos os semestres, tento trazer à escola uma pessoa com
experiência em primeiros socorros para conversar com nossos alunos. Em geral,
convido uma médica que já trabalhou em atendimento de emergência, mas penso que
outros profissionais que estejam familiarizados com esses procedimentos, como
bombeiros ou enfermeiros, também poderiam cumprir esse papel.
Aprender sobre como prestar assistência é algo importante na EJA,
pois os estudantes passam por esse tipo de situações no trabalho, em casa ou em
seus deslocamentos diários. Falar sobre como proceder nessas circunstâncias
pode até mesmo ajudar a salvar vidas. Daí a importância de promover atividades
como essa.
Não se trata de capacitar a turma a ser socorrista (o que seria
impossível no tempo exíguo da EJA), mas sim de uma aula para informar sobre o
que é adequado fazer ou não em cada situação. Uma maneira interessante de
iniciar a discussão é pedir que os alunos relatem situações que já viveram e
como se comportaram. Assim, com base nas experiências deles, pode-se discutir
se a atitude tomada foi a mais correta, se poderia ser melhorada e se existem
outras possibilidades. É preciso tomar o cuidado para que o tom não seja de
repreensão, mas sim de entendimento e de análise da situação vivida em cada
momento.
Alguns exemplos que já apareceram nessas aulas e de como
encaminhamos a discussão:
“Uma vez queimei a mão em uma panela quente e imediatamente a pele
formou bolhas”: a aluna relatou que isso aconteceu quando vivia em local
isolado na zona rural e que a providência que sua mãe tomou foi passar gema de
ovo sobre a pele queimada, o que aliviou a dor. Segundo ela, esse é um remédio
caseiro muito usado na região onde cresceu. A médica explicou que a formação de
bolhas é um sinal de queimadura de segundo grau e o alívio tem a ver com o
resfriamento da pele queimada. No entanto, ela frisou que a gema pode gerar
infecção na pele desprotegida; o mesmo efeito seria conseguido com água fria
corrente, o que seria mais indicado. Não se recomenda usar pasta de dente,
borra de café ou manteiga.
“Um colega de trabalho levou um choque elétrico ao trocar uma
lâmpada defeituosa“: o estudante contou que ficou apavorado ao ver que o amigo
estava grudado aos fios. Sua reação foi chutar a escada de madeira que o
apoiava. Felizmente, a vítima não se machucou na queda e o problema foi
resolvido. Sem recriminar o aluno que agiu numa situação de pânico, a médica
ressaltou que a queda poderia ter consequências graves e que o mais adequado
seria afastar os fios com um material não condutor, como um cabo de vassoura.
Idealmente, deve-se tomar o cuidado de desligar a chave-geral ao realizar
reparos ou, pelo menos, certificar-se sobre onde ela está.
“Um menino teve uma convulsão no ônibus em que eu estava“: o
estudante contou que as pessoas ao redor tiveram reações ambíguas. Enquanto
alguns tentavam segurar o garoto, outros evitavam encostar nele por medo de
“pegar” a doença. A médica esclareceu que o procedimento indicado é tentar
deitar o paciente de lado, remover objetos ao redor que possam machucá-lo,
proteger sua cabeça sem tentar segurá-la e não introduzir nenhum objeto na
boca. Deve-se encaminhar o paciente a um serviço de saúde após a convulsão.
Esses foram apenas alguns dos exemplos que apareceram na discussão.
A partir de narrativas como essas, pudemos conversar sobre situações que nossos
alunos comumente enfrentam e como podem proceder.
Caso você não consiga convidar especialistas para ir à escola,
sugiro que consulte sites ou livros que tragam informações sobre o assunto.
O site do médico Drauzio Varella, por
exemplo, aborda muitas dessas situações.
http://revistaescola.abril.com.br/blogs/eja/2014/10/30/primeiros-socorros-conhecimentos-importantes/
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